Em um país onde os acidentes de trânsito ceifam milhares de vidas todos os anos, a ciência e a tecnologia finalmente apontam uma direção promissora: dados, inteligência artificial e análise preditiva. Um estudo realizado em parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e a Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) revelou que não apenas é possível identificar padrões ocultos nos acidentes rodoviários, como também é viável prever - com elevado grau de precisão - as condições mais propensas à ocorrência e à gravidade desses eventos.
Utilizando técnicas de mineração de dados e algoritmos de inteligência artificial, os pesquisadores analisaram duas grandes bases de dados do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), abrangendo os períodos de 2004 a 2013 e de 2019 a 2024. Os resultados foram impressionantes: modelos com até 94% de acerto em um período e entre 86% e 89% em outro. Números que demonstram, sem margem para ceticismo, o potencial dessas ferramentas tecnológicas no enfrentamento de um problema histórico e persistente.
Mais do que estatísticas, os achados traduzem vidas que podem ser salvas. A identificação de fatores como a presença de perímetros urbanos, faixas adicionais, curvas sinuosas e iluminação precária como determinantes para o aumento de acidentes revela um mapa claro de onde intervir. Se sabemos onde o risco está, temos o dever de agir. E é exatamente aí que entra a inteligência artificial: como uma lente que enxerga o invisível e antecipa o que, até então, só víamos depois da tragédia.