Nos últimos anos, o Brasil assistiu à proliferação de sites de apostas esportivas com a mesma velocidade com que viu a juventude ser seduzida por promessas de dinheiro fácil e vitórias ilusórias. Embaladas por campanhas publicitárias milionárias e amplamente difundidas nos horários nobres da televisão e nas redes sociais, as chamadas bets têm conquistado um espaço perigoso no cotidiano dos brasileiros, especialmente entre os mais jovens e vulneráveis.
A recente pesquisa O Impacto das Bets 2, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, em parceria com o Educa Insights, traz um alerta inquietante: 33,8% dos apostadores entrevistados afirmaram que os gastos com apostas online estão interferindo no início da graduação em faculdades particulares. Mais ainda, 34,4% precisarão abandonar o vício ou reduzir drasticamente os gastos com apostas se quiserem iniciar um curso superior em 2026. Os dados não apenas preocupam, eles escancaram uma crise silenciosa que ameaça o futuro da educação e o desenvolvimento social de uma geração.
O problema não está apenas no dinheiro perdido, mas no que está sendo deixado de lado. A educação superior, que já enfrenta desafios estruturais, passa a competir com um novo e sedutor inimigo: a ilusão do ganho imediato. Trata-se de um cenário em que jovens das classes C e D, justamente os que mais se beneficiariam do ensino superior como mecanismo de ascensão social, acabam trocando o investimento em si próprios por promessas vazias de enriquecimento rápido.
A situação é ainda mais grave por se tratar de um fenômeno relativamente novo no país, com um triste potencial de agravamento.