"Um balanço econômico que fecha o primeiro semestre de forma francamente negativa e marcado por mais oportunidades perdidas do que avanços significativos". O diagnóstico pouco ou nada animador foi formulado pelo jornalista, comentarista de Economia e colunista do Estadão, Celso Ming, para quem o maior 'gargalo' da gestão econômica petista é o 'rombo' das contas públicas.
"A dívida bruta alcançou 76,2% do PIB em abril. O compromisso do governo de zerar o déficit está sendo sabotado pelo próprio governo, que se recusa a cortar despesas e teima em aumentar impostos, apesar da forte oposição da sociedade e dos políticos", registra Ming, ao acrescentar que a "maior frente de desencontros é política, como as trombadas com o Congresso, no caso da derrubada do IOF, que acabou se confirmando".
A despeito da melhoria 'pífia' da inflação - cuja projeção do boletim Focus para este ano caiu de 5,24% para 5,20%, muito acima do teto da meta de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) - o comentarista do rotativo paulista observa que o Banco Central (BC) elevou a Selic (taxa básica de juros) ao patamar de 15%, o maior desde 2026, passando de terceira para segunda a maior taxa de juros reais do planeta.
Ao mesmo tempo, no front externo, Ming destaca os reflexos sobre a economia nacional de fatores, como o impacto do 'tarifaço' adotado pelo presidente ianque, Donald Trump, seguido pelos conflitos no Oriente Médio (Israel x Irã) e na Europa (Ucrânia x Rússia). Internamente, ele aponta uma demanda superior à capacidade de produção.
Graças ao desempenho excepcional do Agro, Ming estima que o PIB 'brasilis' neste ano deverá atingir 2,5%, muito abaixo, portanto, dos 3,4% apresentados no ano passado.
Em que pese o crescimento econômico possível, em um cenário de consumo resiliente e baixo desemprego, é possível afirmar que o início do ciclo de corte da Selic ficou para as 'calendas', ou seja, talvez só ocorra após 2026 e da eleição presidencial.
Quanto ao caráter perdulário dos gastos públicos, com mira eleitoreira, Ming é bem direto: "a campanha eleitoral já começou".