Quem viveu a intensa cena musical da Brasília dos anos 1980 se lembra. Brasília não era somente a capital do rock. Havia uma impressionante efervescência cultural na cidade, produzida pela curiosidade dos jovens daqui na mistura com outras culturas, que recebiam das amizades com filhos de funcionários das diversas embaixadas. E outras tendências também se manifestavam em um cenário extremamente propício às experimentações.
Então, o mesmo cenário que viu nascer bandas como a Legião Urbana e o Capital Inicial também serviu de palco para música para além do rock. Foi de Brasília que Oswaldo Montenegro partiu para se tornar referência da Música Popular Brasileira. Foi na cidade que primeiro fermentou o conceito de world music, com experiências como o Obina Shock. Onde o jazz e a música instrumental voou com o Instrumental e Tal. Onde o choro fluiu e ainda flui com a força do trabalho de Reco do Bandolim no Clube do Choro e artistas como o bandolinista Hamilton de Holanda.
Tudo isso mostrando a força por aqui da música independente. E, nesse sentido, é motivo de muita saudação que, 17 anos, depois, retorne à cidade, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, a Feria da Música Independente Internacional de Brasília (FMI).
A feira vai acontecer de sexta (27) a domingo (29) no Museu de Arte de Brasília. Debates, shows e outros eventos acontecerão, com entrada gratuita.
Quem sabe não ressurja com iniciativas como essa o caldeirão que fez produzir tantos importantes artistas na capital do país. Que o "concreto rache" no museu, como dizia a Plebe Rude nos ricos anos 80.