Por:

A ciência como uma bússola para o país

Em um país marcado por decisões muitas vezes pautadas pelo improviso e pela intuição, a criação do Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica, lançado pelo IBGE em parceria com o Serpro, é um respiro. Trata-se de uma iniciativa fundamental para substituir o "achismo" por ciência. Planejar com base em dados concretos é o único caminho viável para que o Brasil consiga enfrentar seus inúmeros desafios com seriedade e eficiência.

Durante décadas, o país tropeçou em políticas públicas desenhadas sem diagnóstico preciso, baseadas mais em impressões políticas ou conveniências momentâneas do que em evidências sólidas. O resultado é o que se vê em várias áreas: cidades que crescem de forma desordenada, regiões vulneráveis desassistidas, desperdício de recursos públicos e ciclos de pobreza que se perpetuam. Não dá mais para governar com base em instinto. É preciso governar com base em informação.

A proposta do novo programa do IBGE é clara: usar inteligência estatística e geocientífica para antecipar cenários e, assim, formular políticas públicas de médio e longo prazo. É ciência a serviço da sociedade. A presença de sete ministérios — de Relações Exteriores ao Desenvolvimento Social — revela a abrangência e a importância estratégica da iniciativa. Trata-se de uma tentativa real de romper com o imediatismo crônico da administração pública brasileira.

Políticas públicas não podem mais ser reativas, formuladas apenas depois que o problema já explodiu. O Brasil precisa ser capaz de prever tendências e identificar zonas de risco antes que desastres aconteçam.