O Ministério do Turismo destacou recentemente o Brasil como um destino cada vez mais acolhedor para viajantes LGBTQIA . Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador ampliaram ações para atrair o público, com hotéis certificados, eventos inclusivos e campanhas voltadas ao respeito à diversidade. O fortalecimento do turismo queer traz impacto econômico e afirma nossa pluralidade. No entanto, enquanto o país se vende como receptivo ao exterior, dentro das fronteiras persiste um cenário alarmante de violência homofóbica e transfóbica que ainda precisa ser revertido.
O Brasil segue na triste liderança mundial no assassinato de pessoas trans, com mais de cem mortes por ano - uma vítima a cada três dias. A violência vai além do homicídio: agressões físicas e verbais marcam o cotidiano da população LGBTQIA , especialmente de pessoas trans e travestis. Em muitos estados, os crimes seguem subnotificados e as vítimas desassistidas. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha equiparado homofobia e transfobia ao crime de injúria racial, a lei ainda não garante segurança real sem políticas públicas efetivas.
Além das mortes, é preciso lembrar do sofrimento diário imposto a essa população. A hostilidade está presente nas escolas, no ambiente de trabalho, no transporte público e até no atendimento em serviços de saúde. Muitas vítimas sequer se sentem encorajadas a registrar ocorrências, por medo ou desconfiança das instituições. O preconceito se perpetua nos pequenos gestos e nas omissões, tornando a luta contra a LGBTfobia um desafio coletivo e urgente. Um exemplo, recém citado neste espaço editorial, trouxe uma jornalista em São Paulo ofendendo e acusando um rapaz dentro de um shopping em São Paulo. E graças às redes sociais, tal situação foi exposta para que sirva de lição para outros indivíduos preconceituosos.
Apesar do cenário desafiador, iniciativas em várias cidades mostram que é possível avançar: centros de cidadania LGBTQIA , aplicativos de denúncia e projetos locais de apoio surgem como sinais de esperança. O Brasil pode, sim, ser um destino verdadeiramente inclusivo — não apenas para turistas, mas para quem aqui vive e sonha com um país mais justo.