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Justo no mês do orgulho?

O mês do orgulho LGBTQIAPN deveria ser, antes de tudo, tempo de união, reflexão e celebração das conquistas de uma comunidade historicamente marginalizada. Mas, neste junho, o que se viu nas redes sociais foi um triste retrato de desentendimento, ruído e julgamento precipitado.

A deputada Érika Hilton (Psol-SP), referência na luta por direitos da população LGBTQIAPN , foi alvo de uma onda de críticas após responder, de forma didática, a uma pergunta do cantor Oruan sobre como se tornar mais politizado. A reação nas redes foi imediata: parte da comunidade se sentiu traída, interpretando a atitude da parlamentar como conivência com os discursos violentos atribuídos ao artista.

É justo e necessário cobrar coerência de figuras públicas, mas a pressa em cancelar substituiu o diálogo pela fúria. As tentativas de Érika de esclarecer sua posição, primeiro em texto, depois em vídeo, só ampliaram a cisão. Frase de certo ponto descontextualizada, como "gays fascistas", incendiaram ainda mais o debate, afastando a conversa do que realmente importa: o fortalecimento coletivo da luta por direitos.

Quando divergências internas ganham mais espaço que a construção de pontes, todos perdem. Não há orgulho possível em meio a uma guerra interna alimentada por egos feridos e likes na internet. Que o episódio sirva de alerta: a luta é maior do que qualquer vaidade ou desentendimento momentâneo. É tempo de escutar mais, reagir menos e lembrar de onde viemos e para onde ainda precisamos ir.