Descalabro com silêncio patrocinado pelos 'poderes' republicanos, novo assalto está sendo perpetrado contra o segmento mais vulnerável da sociedade. É o que denuncia artigo assinado pelo advogado especialista em Previdência Social, professor, autor do livro Fraude nos Fundos de Pensão e mestre em Direito Previdenciário pela PUC-SP, Rômulo Saraiva, ao revelar que aposentados e pensionistas vêm sendo 'subtraídos' por débitos automáticos (sociedades de crédito, clubes de benefícios ou instituições financeiras) referentes a cobranças de serviços não contratados, acionados toda a vez que algum dinheiro lhes cai nas já minguadas contas correntes.
Tais espertalhões do mercado financeiro, prossegue Saraiva, seguem idêntico 'modus operandi larapius' empregado por associações previdenciários, por meio de descontos mensais recorrentes de R$ 70, valor propositalmente não tão significativo, para que seja 'aceito' passivamente. A única diferença é que, no caso das associações, a retirada da quantia ocorria de modo direto, na folha de pagamento do INSS.
Essa 'tolerância máxima' ante a prática criminosa aproxima o INSS e os bancos, quando estes não demonstram preocupação alguma com a pauperização daqueles esquecidos da sociedade. Ante o 'catatonismo' das autoridades, movimento solitário foi deflagrado pelo deputado Sidney Leite (PSD-AM), autor do projeto de lei n° 1.846, de 2025, que proíbe a aplicação de descontos em benefícios previdenciários associados a mensalidades de associações e entidades de aposentados. No destaque, a matéria remove, da chamada 'Lei de Benefícios', a hipótese de o INSS atuar como intermediário nesse tipo de 'desconto', como tentativa de, ao menos, reduzir a incidência de fraudes. Ainda que a iniciativa passe a ter poder legal, sua eficácia está longe de resolver o problema, em que pese a profusão de fraudes, mediante transações não autorizadas de empréstimos consignados
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam duas empresas 'campeãs' do ranking de processos judiciais por descontos não autorizados, liderado pela Paulista Serviços, ou Pserv, que responde a 15 mil ações e a Aspecir Previdência, por outras 14 mil.