Junho é conhecido como o Mês do Orgulho LGBTQIA , mês voltado para preservar a memória da rebelião de Stonewall, que ocorreu em 1969, em Nova York, que marcou o início do movimento global pelo fim da discriminação e violência contra a comunidade LGBT ,além de exigir direitos iguais. Junho também é o mês da conscientização pela saúde mental masculina. E essas duas campanhas estarem no mesmo mês não é uma mera coincidência.
Frases como "vira homem!", "homem não chora" e diversos comentários associando homens a homossexuais como algo pejorativo infelizmente ainda não bastante comuns. O que não faz sentido como insulto. Uma pessoa sentir atração física e romântica por alguém do mesmo sexo não a torna menos digna, inteligente, interessante ou menor em qualquer sentido - o mesmo vale para pessoas que se identificam com um gênero que não seja o biológico.
Esses discursos enraizam um machismo estrutural. E o machismo pode ser tão prejudicial para os homens quanto para as mulheres. A rigidez emocional e a falta de cuidado com a saúde mental podem resultar em diversos problemas emocionais que podem se tornar físicos, quando, no pior dos casos, há uma tentativa de suícidio. Diversos fatores podem levar uma pessoa a tirar a própria vida (ou tentar), mas a certeza é que a saúde mental dela está fragilizada. Para além do setembro amarelo, a saúde mental precisa ser discutida. E as chances de ter uma saúde mental comprometida em uma sociedade intolerante que diariamente agride homens e mulheres da comunidade LGBTQIA são extremamente altas.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), em 2023 o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 casos de internações relacionadas a lesões em que houve intenção deliberada de infligir dano a si mesmo, a maioria tentativa de suicídio. E a tendência é que o número seja ainda maior, considerando os casos que são subnotificados.
Em 1981, o cantor Ney Matogrosso quase não gravou a música "Homem com H", escrita por Antônio Barros. Inicialmente, o artista não se interessou pela música porque considerava que ela, um forró, não combinava com seu estilo musical. Felizmente após a insistência de Gonzaguinha e de seu produtor, Mazzola, ele gravou a música no seu estilo, e ela se tornou um dos grandes sucessos de sua carreira. Quebrando barreiras de uma visão limitada e preconceituosa contra homens homossexuais, a voz de Ney Matogrosso perpetuou para além de um conceito comum, revelando força e confiança de um homem, que nada interfere em sua orientação sexual.