Nos últimos dois anos, São Paulo tem enfrentado uma sucessão de eventos climáticos extremos que expõem a fragilidade de sua infraestrutura urbana diante das forças da natureza. Temporais, alagamentos, quedas de árvores e apagões se tornaram recorrentes, afetando milhões de moradores da capital e da região metropolitana.
Nesta quarta-feira, 28 de maio de 2025, rajadas de vento de até 60 km/h derrubaram ao menos 52 árvores em diversos pontos da cidade, deixando 117 mil imóveis sem energia elétrica e ferindo duas pessoas no Tatuapé, zona leste da capital . O episódio se soma a uma série de eventos semelhantes: em dezembro de 2024, um temporal deixou 666 mil clientes sem luz ; em novembro de 2023, cerca de 4,2 milhões de pessoas ficaram no escuro por dias após uma tempestade com ventos recordes.
Diante dessa realidade, surge a reflexão: é possível prevenir tais desastres naturais ou estamos à mercê de eventos imprevisíveis? Embora seja impossível controlar o clima, é viável mitigar seus impactos por meio de planejamento urbano adequado, manutenção preventiva e investimentos em infraestrutura resiliente.
A recorrência de apagões e quedas de árvores sugere a necessidade de políticas públicas mais eficazes. Cidades como Nova York e Londres optaram por enterrar suas redes elétricas, reduzindo significativamente os riscos de interrupções no fornecimento de energia durante tempestades . No Brasil, iniciativas semelhantes são raras e, quando existentes, avançam lentamente.
A responsabilidade por essas ações não recai apenas sobre os governos municipais ou estaduais, mas também sobre as concessionárias de serviços públicos e a sociedade como um todo. É fundamental que haja uma colaboração entre os diversos setores para desenvolver estratégias de prevenção e resposta a desastres naturais.
Se a cidade mais rica e populosa do país enfrenta dificuldades em lidar com eventos climáticos extremos, o que esperar de outras regiões com menos recursos? Essa realidade evidencia a urgência de repensarmos nossas políticas urbanas e de infraestrutura, priorizando a resiliência e a sustentabilidade.
Não podemos mais tratar os desastres naturais como eventos isolados ou imprevisíveis. Eles são sintomas de um sistema urbano vulnerável que requer atenção imediata. É hora de agir com responsabilidade e visão de futuro, implementando medidas que garantam a segurança e o bem-estar da população diante das mudanças climáticas em curso.