Vivemos a era da influência. As redes sociais transformaram celebridades e anônimos em formadores de opinião com poder semelhante — ou até superior — ao da mídia tradicional. Um story, um post ou um vídeo curto pode atingir milhões de pessoas em segundos, moldar comportamentos, estimular tendências e até redefinir valores sociais. Neste cenário, a responsabilidade dos influenciadores digitais e figuras públicas nunca foi tão grande.
Ser um influenciador é, acima de tudo, entender o peso da própria voz. Quando uma celebridade recomenda um produto, uma marca ou um serviço, ela não está apenas fazendo publicidade: está validando uma experiência, indicando um caminho, muitas vezes para pessoas em situação de vulnerabilidade emocional, social ou financeira. O impacto é real — e, muitas vezes, irreversível.
Por isso, não se trata apenas de dinheiro. A decisão de divulgar algo deve vir acompanhada de consciência ética. Perguntas fundamentais precisam ser feitas antes do "publipost": Isso é seguro? Isso contribui de forma positiva para a vida de quem me segue? Estou oferecendo um benefício real ou apenas lucrando com a exposição alheia ao risco?
A recente CPI das Bets, que convocou influenciadores como Virginia Fonseca, escancarou uma realidade preocupante: o papel central das redes sociais na promoção de plataformas de apostas, um setor envolto em promessas de ganhos rápidos, mas que, na prática, tem levado milhares ao vício, à falência e ao adoecimento mental.
Dados alarmantes mostram famílias endividadas, jovens compulsivamente gastando seus salários e uma crescente onda de transtornos psicológicos associados ao vício em jogos online. E o combustível dessa engrenagem, muitas vezes, é justamente a imagem de confiança passada por um influenciador ao divulgar uma "oportunidade imperdível".
Influenciar é um ato de poder. Mas poder, por definição, exige responsabilidade. Que os rostos mais vistos da internet comecem a olhar com mais seriedade para os rostos que os assistem diariamente. Propagar o que é positivo, saudável e construtivo é um compromisso com a coletividade — e não um mero contrato publicitário.