Um recente estudo publicado na revista The Lancet traz à tona um dado alarmante e, ao mesmo tempo, esperançoso: o aumento de impostos sobre cigarros pode salvar a vida de centenas de milhares de crianças ao redor do mundo. A relação entre o tabagismo e a mortalidade infantil, embora já conhecida por especialistas, ganha nova dimensão ao ser quantificada com precisão e colocada no centro do debate sobre políticas públicas de saúde.
No Brasil, onde mais de 80% do valor dos cigarros é composto por tributos, a política fiscal tem se mostrado uma ferramenta eficaz de contenção ao consumo. Mesmo assim, o país convive com altos índices de exposição de crianças à fumaça passiva, principalmente em comunidades de menor renda, onde o tabagismo é mais prevalente. É justamente nesse ponto que a tributação se revela mais que uma medida econômica: ela é uma política de proteção social e sanitária.
O impacto do cigarro sobre a infância começa antes mesmo do nascimento, com a exposição intrauterina ao fumo materno, e se estende pelos primeiros anos de vida, comprometendo o desenvolvimento e aumentando o risco de mortes evitáveis. A elevação de impostos, ao encarecer o produto, desestimula o consumo, especialmente entre os mais vulneráveis, e reduz a exposição de crianças ao ambiente contaminado pela fumaça do tabaco.
Proteger a infância é dever de todos. E quando a ciência aponta um caminho claro, baseado em evidências, o poder público deve agir com coragem e responsabilidade. O aumento da tributação sobre produtos nocivos à saúde, como o cigarro, é uma medida justa, eficaz e urgente. Não se trata apenas de arrecadar, mas de preservar vidas, principalmente, as que ainda estão começando.