Quem não se lembra do show do Alok no Rio em 2023 e as mais de 500 pessoas detidas e conduzidas para delegacias da região de Copacabana? Vídeos e mais vídeos circularam pelas redes sociais e noticiário. Porém, os tempos mudaram... O histórico show gratuito de Lady Gaga na Praia de Copacabana, no último sábado, 3 de maio, reuniu mais de 2 milhões de pessoas na orla da Zona Sul carioca. Foi um marco não apenas para a música e o turismo do Rio de Janeiro, mas também para a segurança pública. A operação montada para o evento, que contou com a integração entre as polícias Civil e Militar, demonstrou um grau de eficiência raramente visto em eventos dessa magnitude no Brasil — e até mesmo no mundo.
A prova mais clara desse sucesso está nos números. Segundo o secretário de Segurança Pública do RJ, Victor Santos, foram registradas 240 ocorrências nas delegacias durante todo o evento, a maioria por furtos e perdas de documentos. Para um público superior a 2 milhões de pessoas, trata-se de um índice extremamente baixo. Em comparação, o festival de Glastonbury, no Reino Unido, com público de cerca de 200 mil pessoas, teve mais de 200 ocorrências em sua edição de 2022. Ou seja, Copacabana apresentou uma taxa de menos de 0,12 ocorrência por mil pessoas, contra 1 ocorrência por mil em Glastonbury. Esses números colocam o Rio em um novo patamar de excelência na realização de eventos internacionais.
Mais importante do que as estatísticas, foi a capacidade do sistema de segurança pública de prevenir uma tragédia. A operação "Fake Monster", que desarticulou um plano terrorista de ataque ao show, envolvendo extremistas que pretendiam atingir o público LGBTQIA e jovens fãs da cantora, revelou um trabalho de inteligência e cooperação entre as forças policiais que merece reconhecimento. O Rio de Janeiro mostrou que pode estar à altura dos grandes desafios da segurança contemporânea, mesmo quando exposto aos holofotes do mundo.
Durante muitos anos, eventos de massa em Copacabana — como o Réveillon — foram associados ao medo, à desordem e à violência. Esse estigma afastou turistas, preocupou moradores e impactou negativamente a imagem internacional da cidade. Mas a noite de Lady Gaga, como também Madonna no ano passado, representa uma virada de chave. A paz nas areias lotadas de Copacabana e o profissionalismo na condução de uma das maiores operações de segurança da história recente do país mostram que o discurso de que o Rio é "terra sem lei" precisa ser revisto.
O sucesso do evento não se deve apenas ao esforço das forças policiais, mas a uma mudança de mentalidade. O Rio abraçou o desafio de se tornar novamente um palco global, onde cultura, turismo e segurança podem coexistir em harmonia. O show de Lady Gaga foi uma celebração da música, da liberdade e, agora, também da competência. E com isso, Copacabana volta a brilhar — segura, vibrante e pronta para o mundo.