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Se fosse difícil, aí todos queriam

Este texto editorial começa com um questionamento: qual é a dificuldade de se imunizar, de forma gratuita, contra doenças como a dengue? Realmente é inacreditável pensar que algo que está sendo oferecido de forma totalmente sem custo não tem a procura de boa parte da população brasileira. Se é uma forma de prevenção à doença, qual o motivo de não ir até o posto de saúde mais próximo para se imunizar?

Nos últimos anos, a ciência deu um passo importante ao oferecer vacinas para a dengue, complementando ações tradicionais de combate ao mosquito. A vacinação não apenas protege a pessoa contra formas graves da doença, mas contribui para a imunidade coletiva, reduzindo a sobrecarga no sistema de saúde e prevenindo epidemias. É aí que alguns não pensam... Aqueles que criticam e não concordam com este tipo de prevenção às doenças, precisam também pensar como um todo e não somente no próprio umbigo.

O Brasil, que tem histórico de referência em campanhas de vacinação, nos últimos anos, vem enfrentando uma preocupante queda nas taxas de cobertura vacinal. A desinformação e o relaxamento diante dos avanços médicos podem colocar em risco décadas de conquistas sanitárias. Um ano após o início da imunização contra a dengue no SUS, a procura pela vacina está cada vez mais baixa do esperado por especialistas.

O ano de 2024 foi marcado pela pior epidemia de dengue, com mais de 6 milhões de casos prováveis, e 6,1 mil mortes. Neste ano, em menos de dois meses, o Brasil já registrou 230 mil casos prováveis e mais de 60 mortes confirmadas. Diante deste cenário, qual é a dificuldade de se imunizar do brasileiro? A vacina é oferecida de forma gratuita e ainda há barreiras... Será por que deixam isso de lado? Ou por que não acreditam em sua eficiência? Seja qual for a argumentação, precisamos pensar em um cenário maior do que somente na nossa vida.

Vacinar-se é um ato de cidadania e responsabilidade social. Quando alguém decide se vacinar, protege não apenas a si, mas também as pessoas ao seu redor, principalmente os mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com comorbidades. A saúde pública é um patrimônio coletivo.