Em tempos de polarização extrema no cenário nacional, a figura do "político de estimação" tornou-se central no debate público. É aquele líder, partido ou ideologia que defendemos com tanto fervor que, muitas vezes, ignoramos falhas, erros e até condutas inaceitáveis. Esse fenômeno, conhecido como "passar pano", não é apenas um vício político: é um sintoma perigoso de uma sociedade que troca o senso crítico pelo fanatismo.
Passar pano para um político é fechar os olhos para os erros, justificá-los ou minimizá-los. É transformar ações condenáveis em pequenas falhas humanas enquanto se demoniza adversários por práticas semelhantes ou até menos graves. Esse comportamento não só perpetua o mau uso do poder, mas também enfraquece as instituições e a democracia.
Quando a crítica se torna seletiva e moldada pela conveniência, criamos um ambiente onde políticos não são mais cobrados por seus atos. Ao invés de exigir ética, transparência e responsabilidade de todos, alimentamos a impunidade. Líderes percebem que, enquanto estiverem do lado "certo" de seus apoiadores, podem agir sem medo de consequências reais.
O apego a políticos de estimação revela uma falha coletiva: a confusão entre apoiar ideias e idolatrar pessoas. É possível defender uma ideologia sem blindar seus representantes de críticas. Ao contrário, a verdadeira lealdade a uma causa está em garantir que aqueles que a lideram atuem com integridade.
A democracia depende de cidadãos vigilantes, não de torcidas organizadas.
Exercer o pensamento crítico e cobrar postura ética de todos os agentes públicos - aliados ou adversários - é um dever de quem deseja um futuro mais justo e igualitário.
Passar pano é um erro que custa caro.
A responsabilidade pelo futuro político do país está nas mãos daqueles que escolhem romper com o fanatismo e assumir o compromisso de cobrar de seus líderes o que realmente importa: justiça, ética e respeito ao interesse público.
Que tenhamos o senso de responsabilidade e o amadurecimento necessários enquanto cidadãos.