Sônia Paes
A próxima reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), marcada para o próximo dia 31, deve incluir na pauta a escolha do novo presidente da Eletronuclear, além do destino das obras de Angra 3. Na semana passada, o presidente interino da estatal, Sinval Zaidan Gama, renunciou aos cargos de presidente interino e diretor técnico. A notícia caiu como uma bomba no setor energético e acirrou ainda mais a disputa pelo controle da empresa. Zaidan assumiu o cargo em julho, após a saída de Raul Lycurgo.
Após a renúncia, a Eletronuclear frisou que as usinas seguem operando normalmente". A renúncia de Zaidan ocorre em meio a um turbilhão de problemas que parte da diretoria da estatal enfrenta há algum tempo. No início desse mês, Sidnei Bispo, diretor administrativo da Eletronuclear, foi alvo de denúncias de racismo e assédio moral.
O caso foi parar na ouvidoria do Ministério da Igualdade Racial em denúncia feita pelo próprio empregado da Eletronuclear. A Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho também foram acionados.
Funcionários relataram que Sidnei Bispo teria proferido ofensas racistas contra um superintendente negro. Na ocasião, em 13 de outubro, a Eletronuclear informou que repudia atitudes de assédio, discriminação ou racismo. A nota publicada pela estatal disse que "todos os colaboradores da Eletronuclear participam de treinamentos periódicos sobre ética, integridade e diversidade, e a empresa mantém canais permanentes e sigilosos para o recebimento e apuração de denúncias".
Sem ligação com negociações
A renúncia de Sinval coincide com o anúncio da Eletrobras feito, na quarta-feira, dia 15, sobre a venda de sua participação na Eletronuclear - que opera as usinas nucleares de Angra dos Reis - para Âmbar Energia, do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Fontes ligadas ao setor energético descartaram qualquer ligação entre a negociação e a renúncia do diretor.
A Âmbar passará a deter 68% das ações total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear. O negócio precisa da aprovação dos órgãos reguladores.