A abertura de uma investigação sobre a viagem da vereadora de Campinas (SP), Mariana Conti (PSOL), à Gaza, será votada na sessão do dia 27 de outubro. A parlamentar foi detida em Israel, junto ao grupo que participava da Global Sumud Flotilha, e foi deportada.
A presidência da Câmara de Campinas solicitará reforço da segurança pública para o dia da votação.
Na quarta-feira (8), apoiadores da parlamentar e vereadores de direita se engafinharam em uma guerra ideológica, com gritos e agressões verbais. A sessão precisou ser interrompida pelo presidente da Câmara, Luiz Rossini (Republicanos), que solicitou reforço do policiamento no local.
Esta semana, o vereador Nelson Hosrri (PSD) protocolou um pedido para a abertura de Comissão Processante (CP) para investigar a conduta de Mariana, visto que, para ele, a viagem teve caráter político e midiático, e não humanitário.
Além disso, para Hosrri, Mariana teria violado o princípio constitucional da moralidade administrativa ao se afastar do mandato para participar de uma missão não oficial e sem pertinência temática com as funções campinenses.
A vereadora pediu duas licenças não remuneradas para participar da flotilha Global Sumud, alegando que se tratava de uma missão humanitária para levar comida e remédios à Gaza.
A abertura da investigação seria votada na sessão de quarta-feira (8), mas a Procuradoria Jurídica da Câmara analisou o pedido de instauração de Comissão Processante e concluiu que um vereador licenciado - no caso Mariana -, não pode perder o mandato.
Por isso, a denúncia só poderá ser votada na sessão subsequente, quando terminar as licenças de Conti, que vencem em 25 de outubro.
Próximos passos
Embora cansada, Mariana informou que está bem. Após dias de prisão e de ser deportada com os demais brasileiros para Jordânia, fez uma escala em Doha, no Catar, e seguiu para o Brasil. Eles desembarcaram em Guarulhos por volta das 10h10 desta quinta-feira (9).
“Estou muito fortalecida. Estou mais fortalecida do que quando saí do Brasil. Foi uma vivência, uma experiência enorme. Fizemos o que fizemos porque era necessário. Porque era preciso colocar engajamento e luz no que acontece em Gaza.”
Quanto à relação da viagem com o Brasil, pontua: “o povo da Palestina tem muito a nos ensinar, como a enfrentar o colonialismo, as opressões e todos os cercos que se colocam, inclusive, no nosso país”.
A parlamentar chegou nesta quinta-feira (8) pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), depois de ter sido deportada. Ela integrou o grupo de 13 brasileiros que foram detidos por Israel na interceptação da flotilha para furar o bloqueio sionista à Faixa de Gaza.
Entre as autoridades presentes no aeroporto estava a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP). “A gente tem muito orgulho da missão humanitária que eles cumpriram e vai seguir lutando pela causa Palestina”, informa.