A Sabesp iniciou a redução da pressão de água em parte de Mogi das Cruzes como medida emergencial para preservar os níveis dos reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo. A mudança, válida para as áreas abastecidas com água adquirida pela cidade, pretende evitar cenários de escassez semelhantes aos registrados em 2014 e 2015. Já os bairros atendidos diretamente pelo Semae seguem com o fornecimento normal, já que 59% do consumo municipal é produzido pelo sistema próprio.
A definição dos novos patamares de pressão foi elaborada em conjunto entre Sabesp e Semae após reunião realizada em 27 de novembro. A empresa chegou a propor a redução diária das 19h às 5h, padrão aplicado em outros municípios, mas o Semae defendeu ajustes específicos para evitar prejuízos no abastecimento local. A Sabesp aceitou as mudanças, e o novo plano passou a valer no início de dezembro.
Os níveis ficaram assim: entre 8h e 20h, a pressão caiu de 41 para 40 mca; das 20h às 23h, passou para 35 mca; entre 23h e 7h, ficou fixa em 30 mca; e das 7h às 8h, também foi ajustada para 35 mca. Segundo o Semae, essa configuração minimiza impactos sobre os moradores e reduz riscos de desabastecimento, ao mesmo tempo em que contribui para a economia de água no sistema metropolitano.
A Sabesp vem adotando a estratégia de redução de pressão desde agosto em diversos municípios atendidos diretamente por ela. Em setembro, a medida foi ampliada de oito para dez horas diárias, por deliberação da Arsesp. Apenas Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul não têm o abastecimento operado pela companhia, embora ambas comprem parte da água fornecida.
A situação hídrica da Região Metropolitana preocupa. O Sistema Produtor Alto Tietê apresenta volume armazenado de apenas 18,1%, bem abaixo dos 35,5% registrados há um ano. No Sistema Integrado Metropolitano, o volume médio atual é de 25%, também consideravelmente inferior aos índices de 2024. O governo estadual declarou situação de escassez nas bacias do Alto Tietê e do Rio Piracicaba e suspendeu novas outorgas de uso não prioritário.
Para o diretor-geral do Semae, José Luiz Furtado, o consumo consciente é fundamental neste momento. Ele afirma que a autarquia lançará campanhas de conscientização e orienta moradores a instalarem caixas d’água para garantir autonomia em períodos críticos. Reservatórios de 200 litros por pessoa são suficientes para ampliar a segurança do abastecimento.
A população dos bairros atendidos pelo reservatório do Jardim Santa Tereza deve estar atenta às oscilações previstas. Segundo o Semae, o ajuste de pressão é temporário, mas essencial para preservar os mananciais que abastecem tanto Mogi quanto grande parte da Região Metropolitana. A recomendação é economizar água sempre que possível, adotando práticas simples como reduzir o tempo de banho, evitar mangueiras e reaproveitar água em tarefas domésticas.
As autoridades reforçam que o esforço coletivo é determinante para manter a regularidade do sistema e evitar medidas mais drásticas, como o racionamento. A redução de pressão integra um conjunto de ações preventivas que deve continuar enquanto os níveis dos reservatórios permanecerem baixos.