O Sistema Cantareira, principal manancial que abastece a Grande São Paulo, entrou em situação crítica ao iniciar dezembro com apenas 20,8% de sua capacidade total.
O nível historicamente baixo reacende o temor de uma nova crise hídrica semelhante à vivida pelo estado há uma década, quando o volume útil chegou ao limite e deixou milhões de pessoas em alerta. A paisagem atual reforça a gravidade do cenário: áreas antes cobertas por água agora revelam rachaduras profundas, embarcações encalhadas e até uma antiga estrada de terra que emergiu no fundo do reservatório.
Em Joanópolis, próximo à divisa com Minas Gerais, o recuo da água impressiona moradores e trabalhadores que acompanham o sistema há anos.
Região Metropolitana
Segundo relatos de quem vive ao redor das represas, braços inteiros do Cantareira secaram. Responsável por fornecer cerca de 40% da água consumida na Região Metropolitana, o Cantareira é monitorado de perto por vários moradores das regiões abastecidas pelo sistema. Apesar de o período chuvoso ter começado em outubro, as precipitações ficaram muito abaixo da média histórica e não foram suficientes para recuperar o volume do sistema.
Paraíba do Sul
Para reduzir os impactos imediatos, parte da demanda vem sendo atendida com o bombeamento do Rio Paraíba do Sul, operação que permanece ativa desde setembro.
A Sabesp afirma que o sistema de abastecimento está mais preparado hoje do que em 2014, com maior integração entre represas e obras estruturantes que ampliaram a segurança hídrica para mais de 22 milhões de pessoas. A pedido da Arsesp, a companhia reduziu a pressão nas tubulações por até 10 horas diárias, medida que já garantiu economia superior a 44 bilhões de litros desde agosto. Se a quantidade de chuvas se mantiver baixa, existe a possibilidade da redição de pressão ser reduzida ainda mais.
Monitoramento
O governo estadual reforçou que monitora os mananciais diariamente e tem adotado ações emergenciais diante das chuvas escassas. Entre as obras de reforço hídrico está a transposição do Rio Itapanhaú, concluída na última segunda-feira (1º), que deve contribuir para aliviar a pressão sobre os demais sistemas.