Por: Ana Laura Gonzalez - SP

Universidades e governo lançam centro para pesquisa e paradesporto

Representantes da SEDPcD, CPB e das universidades USP, Unesp, Unicamp e Unifesp | Foto: Jess Mariz/SEDPcD

A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e quatro universidades paulistas – USP, Unesp, Unicamp e Unifesp – iniciaram um projeto de pesquisa aplicada voltado à melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência por meio do paradesporto.

Na quarta-feira (17), pesquisadores das instituições visitaram o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CTPB), em São Paulo, e deram início aos trabalhos do recém-criado Centro Multiprofissional de Estudo Paralímpico e Paradesportivo (CMEPP). O centro, que funciona como um Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD), reúne uma equipe multiprofissional dedicada à pesquisa, difusão de conhecimento e promoção da prática do paradesporto em diferentes contextos, incluindo saúde, educação e esporte de alto desempenho.

O CMEPP terá duração prevista de cinco anos e tem como objetivos o avanço científico e a transferência de conhecimento para subsidiar políticas públicas nos eixos de saúde, formação, alto rendimento esportivo e tecnologia. Segundo Ignacio Poveda, assessor especial da SEDPcD, “o projeto parte do entendimento de que o esporte paralímpico é, além de ferramenta de saúde, um dos principais mecanismos de inclusão social, ao colocar a pessoa com deficiência em evidência por sua potencialidade”.

Os CCDs são iniciativas de apoio à pesquisa que unem universidades, órgãos governamentais, empresas e organizações da sociedade civil em torno de problemas de interesse social e econômico do Estado de São Paulo. Poveda destaca que “o compromisso do modelo é gerar, em até cinco anos, resultados relevantes tanto para o avanço do conhecimento científico quanto para a melhoria efetiva de políticas públicas”.

O CMEPP é dirigido pelo professor José Cesar Rosa Neto, da USP, com vice-direção de Marco Carlos Uchida, da Unicamp. O centro integra dezenas de pesquisadores de diferentes áreas, além de gestores públicos e parceiros institucionais.

No eixo da saúde, os estudos irão investigar e monitorar parâmetros bioquímicos, inflamatórios, imunológicos, morfológicos e funcionais de pessoas com deficiência, sejam atletas ou não. Rosa Neto explica que o objetivo é compreender a relação entre exercício físico, inflamação crônica de baixo grau e resposta imunológica, identificando mecanismos e possíveis alvos terapêuticos que contribuam para a promoção da saúde sem comprometer o desempenho esportivo.

O eixo de formação se concentrará na inclusão e divulgação do paradesporto entre crianças e jovens. Em parceria com programas do CPB e da SEDPcD, o CMEPP vai validar modelos de intervenção, acompanhar o desenvolvimento de atletas e avaliar os efeitos de programas de capacitação de profissionais que atuam na área.

No âmbito do alto desempenho esportivo, o centro acompanhará, ao longo de um ciclo paralímpico completo, atletas que se preparam para os Jogos de Verão de Los Angeles 2028 e para os Jogos de Inverno dos Alpes Franceses 2030. Serão monitorados indicadores físicos, psicológicos, imunológicos e biomarcadores relacionados à performance, composição corporal e risco de lesões, com o objetivo de subsidiar o treinamento baseado em evidências científicas.

O CMEPP também atua na área de tecnologia aplicada ao paradesporto. Entre os recursos utilizados estão dispositivos vestíveis, exergames – videogames que utilizam movimentos corporais –, rastreamento de movimentos e ferramentas de inteligência artificial. As tecnologias permitirão monitorar variáveis cinemáticas e biomarcadores de atletas e não atletas, além de desenvolver soluções adaptadas às diferentes necessidades do paradesporto, ampliando a segurança e o acesso à prática esportiva.

O lançamento do CMEPP representa um esforço conjunto entre governo e universidades para integrar ciência, esporte e inclusão social, com expectativa de gerar impactos duradouros na qualidade de vida e na formação de pessoas com deficiência no Brasil.