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Vice-prefeito e secretários exonerados em Hortolândia

Cafu segue como vice-prefeito, mas não integra mais a estrutura administrativa | Foto: Alesp

O prefeito de Hortolândia, Zezé Gomes (Republicanos), exonerou nesta sexta-feira (14) o vice-prefeito Carlos Augusto César, o Cafu (PSB), do cargo de secretário municipal de Governo. A medida ocorre após a Operação "Coffee Break", deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União para investigar fraudes em licitações da educação. Cafu segue como vice-prefeito por se tratar de cargo eletivo, mas não integra mais a estrutura administrativa.

Preso preventivamente desde quarta-feira (12), ele deve ter um pedido de habeas corpus apresentado ainda hoje ao TRF-3, segundo seu advogado, Ralph Tortima Filho.

Outras exonerações

Além de Cafu, outros três integrantes da administração foram afastados "a pedido" após aparecerem nas investigações. O secretário municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Fernando Gomes de Moraes deixou o cargo na mesma edição do Diário Oficial.

Também foram exonerados o secretário municipal de Habitação, Rogério Mion, e a diretora do Departamento de Almoxarifado e Patrimônio, Carla Ariane Trindade. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão.

Segundo a PF, os quatro servidores cumpriam funções específicas no esquema.

Cafu é suspeito de direcionar licitações e liberar pagamentos à empresa Life Tecnologia Educacional em troca de vantagens indevidas. As investigações indicam que ele teria recebido ao menos R$ 2,4 milhões.
Fernando Gomes de Moraes teria assinado atas de registro de preços e agilizado processos favoráveis à Life mediante propina. Já Rogério Mion atuaria como articulador político, intermediando interesses da empresa em prefeituras e órgãos públicos.
Carla Ariane Trindade, ex-cunhada do presidente Lula, é apontada como integrante do núcleo político da organização, atuando como lobista e intermediando demandas da Life junto a órgãos federais e municipais.

Esquema

A PF afirma que a Life utilizava lobistas para facilitar contratos com prefeituras por meio de licitações direcionadas. O dinheiro obtido era lavado por doleiros, que distribuíam propina em espécie aos envolvidos.
Entre 2021 e 2024, a empresa recebeu R$ 99,3 milhões de Hortolândia, Sumaré e Morungaba. A investigação também identificou R$ 11,7 milhões ligados possivelmente à prefeitura de Limeira, totalizando R$ 111,1 milhões em recursos públicos. Em notas fiscais, o faturamento da Life com esses municípios ultrapassa R$ 86 milhões.

Nome ainda foragido

A operação também tenta localizar José Aparecido Ribeiro Marin, ex-secretário de Educação de Sumaré na gestão anterior.
Segundo as investigações, as suspeitas incluem fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, superfaturamento e tráfico de influência. A PF calcula que o esquema teria movimentado cerca de R$ 128 milhões desde 2021.