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Projeto usa resíduos orgânicos para impulsionar transição energética

Iniciativa utiliza sobras do Restaurante Universitário e material vegetal do Campus | Foto: Freepik

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está desenvolvendo um projeto voltado à conversão de resíduos orgânicos em energia renovável, com possibilidade de reduzir gastos e emissões associadas à coleta, ao transporte e ao destino final desses materiais no Campus São Carlos.

A notícia foi publicada na última segunda-feira (8), no portal de notícias da universidade.

Sob coordenação dos docentes Fábio Bentes Freire e Paula Rúbia Ferreira Rosa, do Departamento de Engenharia Química (DEQ), o estudo analisa o uso de sobras de alimentos do Restaurante Universitário (RU) e da biomassa proveniente das podas das áreas verdes para geração de biogás e biometano, alternativas capazes de substituir o gás natural fóssil em aquecimento, produção de eletricidade e como combustível veicular.

Processos em análise

A pesquisa está em seu segundo ano e reúne práticas laboratoriais, avaliações econômicas e estudos de viabilidade.

A equipe trabalha com biodigestão anaeróbia — processo em que microrganismos degradam matéria orgânica sem presença de oxigênio, originando biogás. A partir disso, são examinadas diferentes combinações de substratos, formas de pré-tratamento e condições operacionais para aprimorar o desempenho do sistema.

Segundo o pesquisador Fábio Bentes Freire, a iniciativa acompanha tendências mundiais relacionadas à transição energética e a soluções baseadas em economia circular.

De acordo com a publicação, o objetivo é demonstrar que resíduos orgânicos, geralmente pouco aproveitados, podem gerar energia local, diminuir impactos ambientais e se integrar a outras matrizes renováveis, verificando metodologicamente se esse modelo pode ser ampliado dentro da Universidade e, futuramente, aplicado em outras instituições.

Avaliações complementares

O projeto também envolve modelagem, simulação e análise de ciclo de vida, utilizando protocolos internacionais e softwares especializados.

Inserida no planejamento energético do Campus, a equipe examina ainda a possível integração com sistemas fotovoltaicos, considerando área disponível, radiação solar média, padrões de consumo e cenários de retorno financeiro. Nesse contexto, a energia solar atua como fonte complementar ao biogás e ao biometano, oferecendo eletricidade adicional e maior estabilidade ao sistema local.

Freire destaca que o estudo abrange não apenas o desenvolvimento tecnológico, mas também as condições reais de implantação.

Ele aponta que energia renovável requer decisões de longo prazo, investimento inicial, governança e métricas de impacto, e que a pesquisa busca fornecer base segura para que a UFSCar avalie a viabilidade ambiental, técnica e econômica do projeto.

Formação e
parcerias

Resultados preliminares foram apresentados em eventos científicos nacionais e internacionais, e artigos estão em fase final de elaboração. A iniciativa também reúne atividades de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso e mestrado, contribuindo para a formação de especialistas em bioenergia e gestão de resíduos. Freire acrescenta que a dimensão formativa é parte central da proposta, ao promover uma cultura que entende resíduos como recursos.

Interessados em estabelecer parcerias institucionais, técnicas ou científicas podem contatar a equipe pelo e-mail [email protected].

O projeto em desenvolvimento pela UFSCar é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - Processo nº 403133/2023-8) e conta com a colaboração da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da University of British Columbia, no Canadá.