Por: Moara Semeghini - Campinas

Comissão decide nesta sexta se investiga denúncia contra vereador Otto Alejandro

Comissão Processante da Câmara apura se houve quebra de decoro parlamentar por parte do vereador Otto Alejandro (PL) | Foto: Câmara Municipal de Campinas

A defesa prévia do vereador Otto Alejandro (PL), investigado pela Polícia Civil por por violência doméstica, injúria, ameaça e dano, foi apresentada à Comissão Processante da Câmara Municipal de Campinas, que apura se houve quebra de decoro parlamentar por parte do vereador. Nesta sexta-feira (19), às 10h, o colegiado se reúne em sessão aberta no plenário para analisar e votar o parecer do relator, que poderá recomendar o prosseguimento das investigações ou o arquivamento da denúncia. A reunião será transmitida ao vivo pela TV Câmara.

A confirmação foi feita pela vereadora Fernanda Souto (PSOL), presidente da Comissão Processante. De acordo com ela, após a entrega da defesa, a CP está formalmente habilitada a dar andamento aos trabalhos. “Com a apresentação da defesa, a Comissão pode avançar no processo”, afirmou a parlamentar em publicação nas redes sociais.

Fernanda Souto ressaltou ainda a relevância da decisão nesta fase do procedimento, especialmente diante do cenário local. Segundo ela, é fundamental que as denúncias sejam apuradas com rigor, considerando o aumento dos casos de violência contra mulheres em Campinas. A vereadora já adiantou que seu voto será favorável à continuidade da apuração, com a realização das oitivas de testemunhas.

Instaurada por unanimidade no dia 19 de novembro, a Comissão Processante teve a abertura do processo aprovada por 29 vereadores, sem votos contrários.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Câmara Municipal informou que, caso a Comissão decida pelo prosseguimento da denúncia, os trabalhos terão continuidade. Se o parecer for pelo arquivamento, a decisão ainda deverá ser submetida à apreciação do plenário em sessão extraordinária, a ser convocada posteriormente.

Relembre o caso

A Câmara Municipal de Campinas abriu uma Comissão Processante para apurar possível quebra de decoro parlamentar do vereador Otto Alejandro (PL), acusado de violência doméstica e envolvimento em outros episódios de agressão, ameaça e intimidação registrados em boletins de ocorrência e vídeos que vieram a público ao longo de 2025.

A comissão foi instaurada após a namorada do parlamentar registrar boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), relatando agressões físicas, violência psicológica, ameaças de morte, injúria e dano material. No depoimento, ela afirmou ter sido xingada, ameaçada com a frase “vou acabar te matando” e agredida, comportamento que, segundo o registro, se repetiria principalmente quando o vereador consome álcool. O boletim aponta que Otto Alejandro faria uso frequente de bebidas alcoólicas, ficando alterado.

Além da denúncia de violência doméstica, o vereador é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por ao menos três outras ocorrências, que incluem injúria, ameaça, dano e abuso de autoridade. Um dos casos envolve um vídeo registrado em março deste ano, no qual Otto aparece ameaçando guardas municipais dentro de um estabelecimento em Campinas. Nas imagens, ele afirma que os agentes “vão perder o emprego”. A Guarda Municipal confirmou, em depoimento, que houve desacato, e a Prefeitura informou aguardar a conclusão das investigações do Ministério Público e da Polícia Civil.

Outro episódio ocorreu na Avenida Aquidabã, onde o vereador é acusado de quebrar o vidro traseiro de um ônibus e ameaçar o motorista de morte. Há ainda imagens de câmeras de segurança de um prédio que mostram Otto Alejandro ameaçando, ofendendo e intimidando a porteira do condomínio onde vive sua namorada. No vídeo, gravado em abril, o parlamentar aparece segurando uma garrafa de cerveja e dirige xingamentos à funcionária, dizendo que ela “não ganha mais que mil reais” e afirmando, em tom ameaçador: “A hora que você pisar fora, nós vamos conversar”. Ele também utiliza termos ofensivos e discriminatórios contra a trabalhadora.

Segundo relatos, o vereador teria dito ainda que estava no local para cobrar uma suposta dívida atribuída à namorada, afirmando que aquela seria a segunda cobrança e que “não haveria uma terceira”.

A abertura da Comissão Processante foi aprovada por ampla maioria: 29 votos favoráveis e um contrário. O processo pode resultar na cassação do mandato. Em pronunciamento na Câmara, Otto Alejandro negou as agressões, afirmou que a namorada teria retirado a queixa policial e disse ser alvo de perseguição política. Ele também negou ter arremessado objetos contra o ônibus.