O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), inaugurou nesta quarta-feira (17) uma Sala Multissensorial, ambiente especialmente desenvolvido para acolher passageiros neurodivergentes e seus acompanhantes ao longo da jornada pelo terminal de passageiros. O espaço funciona diariamente das 7h às 23h.
Projetada com elementos que gerem bem-estar e relaxamento, a Sala Multissensorial de Viracopos oferece iluminação suave, sons relaxantes, materiais táteis, aromaterapia e projeções, compondo um ambiente que favorece o bem-estar e o equilíbrio sensorial. A sala fica no embarque nacional, após o raio-x.
A implantação da sala atende a uma demanda crescente por ambientes acessíveis e sensorialmente adequados em aeroportos. Estudos recentes apontam que passageiros neurodivergentes, especialmente pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), TDAH e condições do processamento sensorial, podem experimentar forte sobrecarga diante de estímulos comuns no dia a dia aeroportuário, como ruídos intensos, iluminação forte, movimento constante e filas.
A iniciativa reforça o compromisso da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) e do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) com a oferta de serviços inclusivos, humanos e alinhados a padrões internacionais de acessibilidade.
“A implantação da Sala Multissensorial em Viracopos integra a política do Governo Federal de promoção da acessibilidade e da inclusão de passageiros nos aeroportos brasileiros. Nós estamos trabalhando para que a infraestrutura aeroportuária esteja preparada para atender a todos, com soluções que combinam eficiência operacional e acolhimento humanizado", destacou o ministro Silvio Costa Filho.
Antes da abertura do espaço, colaboradores de diversas áreas participaram de um treinamento especializado conduzido pela terapeuta ocupacional Mariana Lima, que abordou temas como compreensão da neurodivergência, identificação de sobrecarga sensorial e práticas de atendimento humanizado.
A capacitação reforçou a importância do papel das equipes no apoio ativo a passageiros que possam apresentar sinais de desconforto, ansiedade ou desregulação durante o processo de viagem.
Para o diretor de Operações e Infraestrutura de Viracopos, Marco Beme, a nova Sala Multissensorial de Viracopos pode proporcionar uma experiência mais tranquila e relaxante aos passageiros neurodivergentes, consolidando o terminal como um ambiente que proporciona uma acessibilidade sensorial e emocional a todos os públicos. “A acessibilidade sensorial é uma necessidade, e não um diferencial. O aeroporto é um espaço público diverso e pessoas neuro atípicas também fazem parte desse público, mas muitas vezes evitam o local por falta de suporte”, disse o diretor.
“Ao disponibilizar um local seguro e controlado para autorregulação, Viracopos contribui para reduzir barreiras, evitar interrupções na jornada de viagem e proporcionar uma experiência mais tranquila para o passageiro, sua família e amigos”, concluiu o diretor.
O aeroporto também estabeleceu regras de utilização para garantir segurança e conforto dos usuários, incluindo permanência máxima de 30 minutos, uso silencioso do espaço, restrição de alimentos e bebidas e acompanhamento obrigatório por parte de familiares para menores de idade ou pessoas que necessitem de suporte adicional.
Com a inauguração da nova sala, Viracopos reafirma sua atuação como referência nacional em serviços ao passageiro e fortalece sua política de inclusão. A iniciativa amplia a confiança dos viajantes, melhora a experiência dentro do terminal e reforça o compromisso institucional com práticas sensíveis, responsáveis e alinhadas à diversidade do público atendido.
Inclusão
A instrutora Mariana Lima destacou ao final do treinamento que “a inclusão começa com o olhar humano” e reforçou que a sala multissensorial se torna uma ferramenta essencial em um ambiente aeroportuário.
O projeto do ambiente foi criado pela arquiteta da concessionária, Aline Visachi e contou com a consultoria especializada da empresa Sensoryland.
Estima-se que o Brasil tenha entre 14,4 milhões e 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, dependendo da pesquisa, sendo os dados mais recentes do Censo 2022 (14,4 milhões) e da PNAD Contínua 2022 (18,6 milhões), ambos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, dados mostram que 53,5% dos turistas com deficiência deixaram de viajar por não encontrar infraestrutura adequada nos destinos. (Ministério do Turismo - 2020). No Brasil, o Censo de 2022 identificou 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de TEA (cerca de 1,2% da população).