O câncer de pele é o tipo de tumor de maior incidência no Brasil, representando cerca de um terço de todos os novos diagnósticos oncológicos no país.
Anualmente, são registrados mais de 220 mil casos do tipo não melanoma e quase 9 mil novos diagnósticos do melanoma, forma menos comum, porém mais agressiva da doença.
Os dados refletem anos de exposição solar acumulada, sendo mais notável em indivíduos de pele clara, residentes de áreas de alta radiação e pessoas acima dos 40 anos. Com a chegada do verão, que se inicia dia 21, a intensidade dos raios UVA e UVB atinge o pico, e o uso diário do filtro solar vai muito além da prevenção de queimaduras.
É fundamental para reduzir o risco de câncer de pele, prevenir o envelhecimento precoce e o surgimento de manchas.
Mas, o dermatologista Rodrigo Azevedo, do Hospital e Maternidade Madre Theodora, de Campinas (SP), faz uma ressalva a respeito dos protetores em spray. "São práticos, mas é fácil aplicar uma quantidade insuficiente. O spray não deve apenas ser borrifado de longe; é preciso aplicar uma camada generosa, espalhar bem e, no rosto, o ideal é borrifar nas mãos primeiro para evitar inalação".
FPS
O Fator de Proteção Solar é o indicador da capacidade do produto de proteger a pele contra os raios UVB, que são os principais responsáveis pelas queimaduras e por parte dos danos que levam ao câncer. A variação (30, 50, 70) indica a concentração de filtros UVB na fórmula. Embora as diferenças percentuais de bloqueio pareçam pequenas (FPS 30 filtra cerca de 97%; 50, 98%; e 100, 99%), a margem extra compensa o fato de que a maioria das pessoas não aplica a quantidade correta do produto.
A proteção contra UVA, que está ligada a manchas, fotoenvelhecimento e também ao câncer de pele, deve ser verificada separadamente e estar claramente indicada na embalagem.
Como escolher
Para uma rotina urbana recomenda-se FPS 30 ou superior. Já para atividades ao ar livre, como em praia, piscina, ou para quem tem pele muito clara, melasma ou histórico de câncer de pele, o mais indicado é FPS acima de 50.
A textura (gel, creme, loção, toque seco) deve ser escolhida de acordo com o tipo de pele. Para o mar ou atividades com suor, a resistência à água é fundamental.
Protetores faciais possuem fórmulas não-comedogênicas, mais leves e com melhor acabamento cosmético. Embora o produto corporal possa ser usado no rosto (a proteção é a mesma), tende a ser mais denso e menos confortável para a face. Bases e hidratantes com FPS só oferecem proteção completa se aplicados na quantidade correta.
Colher de Chá
Para que o protetor seja eficaz, a aplicação deve ser generosa e uniforme, feita cerca de 15 minutos antes da exposição solar. A dose ideal para o corpo todo é de aproximadamente 30 ml, o equivalente a um copo de café pequeno. Uma forma prática de medir é seguir a Regra das Colheres de Chá: uma para rosto e pescoço; uma para cada braço; duas para cada perna; uma para o tronco anterior e outra para o posterior. A reaplicação é tão importante quanto a primeira dose e deve ser feita após entrar na água, ou suar excessivamente, ou a cada duas horas de exposição.
Mito
Filtro solar não clareia a pela. O que ocorre é que o uso diário inibe o escurecimento de manchas já existentes, expostas ao sol. Além disso, evita o aparecimento ou o agravamento de novas lesões. Quem tem melasma ou faz tratamento dermatológico (com ácidos ou laser) deve usar FPS 50 com alta proteção UVA diariamente, pois é mais sensível à radiação. Mas, o protetor sozinho não é suficiente. É essencial o uso de roupas e tecidos com filtro UV, chapéu, óculos de sol, buscar a sombra e evitar os horários de pico de radiação (entre 10h e 16h). Os raios UVA atravessam nuvens facilmente, por isso a proteção é necessária todos os dias, faça sol ou sombra.
Alerta
O segredo para a detecção precoce é o autoexame e a observação de qualquer pinta ou mancha que seja "nova" ou tenha "mudado". Lesões que coçam, sangram, não cicatrizam, crescem rapidamente ou têm aparência diferente das outras devem ser avaliadas por um médico. "O diagnóstico precoce é o que garante as melhores perspectivas de tratamento," afirma a dermatologista Laura Zalis, do Hospital São Lucas do Rio de Janeiro.