Por: Moara Semeghini - Campinas

Campinas se une aos atos nacionais que pedem fim da violência contra a mulher

O Levante Mulheres Vivas em ato contra o Feminicídio em Brasília | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em resposta à escalada da violência de gênero no país, organizações movimento Levante Mulheres Vivas realizou neste domingo (7) atos simultâneos em diversas cidades brasileiras. Na Avenida Paulista, em São Paulo, a manifestação reuniu cerca de 9,2 mil pessoas, segundo metodologia do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, que usou inteligência artificial aplicada a imagens aéreas captadas por drones. Em Campinas, o protesto saiu da Estação Cultura rumo à Praça da Catedral e, segundo participantes, contou com aproximadamente 500 pessoas.

Já no início da mobilização, a vereadora Mariana Conti (PSOL) criticou o aumento dos feminicídios e a falta de investimentos do governo paulista no enfrentamento à violência contra a mulher. “O Brasil vive uma epidemia de feminicídios com índices crescentes de violência. Isso é sintoma do machismo e de um projeto político que desmonta políticas públicas, prega ódio e naturaliza a violência”, afirmou. Ela lembrou que o governador Tarcísio de Freitas “destinou este ano apenas R$ 10 para o combate à violência contra as mulheres”, defendendo os atos como resposta necessária para pressionar o Estado e denunciar a propagação de discurso misógino, inclusive nas redes sociais. 

Os dados citados pela vereadora fazem referência ao congelamento de 96% do orçamento estadual previsto para ações de enfrentamento à violência de gênero. Dos R$ 26 milhões destinados a programas das secretarias da Segurança Pública e das Políticas para a Mulher, apenas R$ 900 mil foram efetivamente liberados, segundo levantamento do gabinete do deputado estadual Paulo Fiorilo (PT) na Alesp. O maior bloqueio ocorreu justamente na Secretaria de Políticas para a Mulher, onde todo o orçamento do programa de enfrentamento à violência foi congelado. Dos R$ 36 milhões previstos para 2025, o governo manteve R$ 15,8 milhões, dos quais quase R$ 10 milhões serão usados apenas para despesas administrativas.

Durante os atos, faixas e discursos cobraram o fim da violência contra as mulheres, penas mais duras para crimes motivados por misoginia e enfrentamento ao discurso de ódio. As falas também destacaram problemas estruturais que sustentam a violência de gênero no país, como a fragilidade das políticas públicas, a insuficiência de serviços especializados e a falta de responsabilização efetiva.

O Levante Mulheres Vivas defendeu a plena aplicação da Lei Maria da Penha, considerada pela ONU uma das legislações mais avançadas do mundo para proteção das mulheres, e alertou para retrocessos provocados por cortes, omissões e desvios de finalidade. A organização também reforçou a necessidade de reconhecer a misoginia como crime específico, lembrando que manifestações de ódio e violência simbólica alimentam todas as formas de agressão, inclusive o feminicídio.

Entre as reivindicações apresentadas estão: Delegacias da Mulher 24 horas com atendimento especializado, acolhimento imediato para vítimas e seus filhos, resposta ágil do sistema de justiça, autonomia emergencial para mulheres em situação de risco, proteção às crianças envolvidas em casos de violência doméstica, paridade feminina no Poder Público e no Judiciário, além da regulação de plataformas digitais e políticas concretas de combate à violência online.