Por: Redação

Desaparecimento de insetos acende alerta global, aponta pesquisa da Unicamp

O declínio das populações de insetos representa um drama global que avança silenciosamente. Aos poucos, essa ausência aparece no nosso cotidiano. O sumiço dos vaga-lumes é um exemplo — qual foi a última vez que você viu a luz de um deles? | Foto: Freepix/Kim H

O declínio das populações de insetos representa um drama global que avança silenciosamente. Aos poucos, essa ausência aparece no nosso cotidiano. O sumiço dos vaga-lumes é um exemplo — qual foi a última vez que você viu a luz de um deles? Esse é um sinal claro do que os pesquisadores chamam de “apocalipse dos insetos”.

Até ambientes considerados preservados, como as ilhas de Fiji, arquipélago isolado da Oceania, mostram mudanças preocupantes nessa realidade. Recentemente, um grupo de pesquisadores construiu uma linha do tempo para entender esse declínio. O resultado chama a atenção: 80% das espécies endêmicas (exclusivas da região) correm risco de desaparecer. As informações são do site Jornal da Unicamp.

“Isso começou há séculos, com a chegada dos europeus, que passaram a explorar a região e trouxeram, nas embarcações, insetos que não eram naturais das ilhas de Fiji. Pequenos invasores que se adaptaram rápido ao ambiente. Resultado? Uma disputa por alimento e espaço com espécies locais”, explica o professor titular de Ecologia do Instituto de Biologia da Unicamp Paulo S. Oliveira.

A pesquisa funciona como um alerta global. Se até em áreas de alta preservação as populações de insetos estão diminuindo, o que dizer de regiões já degradadas, como a Mata Atlântica e a Amazônia? Oliveira reforça que esse cenário tem origem conhecida. “Em estudo feito pela Unicamp, vimos que, na Mata Atlântica, o comportamento de espécies nativas também muda com a presença de invasoras, que se adaptam a qualquer ambiente. E isso coloca essas espécies em risco”, afirma.

Segundo o pesquisador, é possível montar um ranking das pressões que mais afetam os insetos: uso excessivo de pesticidas, destruição de habitats e mudanças climáticas. “Somadas, essas ameaças aceleram o desequilíbrio dos ecossistemas”, destaca.

A importância dos insetos vai muito além do que parece — em especial a das formigas, que mantêm o solo vivo, ajudam na decomposição da matéria orgânica e, em algumas espécies, garantem processos essenciais, como a polinização. “Sem as formigas, o maior impacto seria em relação ao preparo dessa terra, que ficaria muito dura e compacta, afetando o desenvolvimento da flora e, consequentemente, da fauna que depende dela”, finaliza o especialista.

Macaque in the trees
O declínio das populações de insetos representa um drama global que avança silenciosamente. Aos poucos, essa ausência aparece no nosso cotidiano. O sumiço dos vaga-lumes é um exemplo — qual foi a última vez que você viu a luz de um deles? | Foto: Freepix/Kim H