Por: Moara Semeghini

Mortes por gripe crescem 90% este ano em Campinas

A Saúde reforça a importância da vacinação contra a gripe, principalmente para grupos prioritários | Foto: Rogério Capela/Prefeitura de Campinas

O número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus influenza, um dos causadores da gripe, chegou a 57 em Campinas, volume 90% maior que o registrado em todo o ano de 2024. A Secretaria de Saúde confirmou, nesta terça-feira (21), mais duas mortes pela doença, elevando o total. Desde janeiro a cidade contabiliza 415 casos e 57 mortes de SRAG por influenza. Durante todo o ano de 2024, Campinas teve 342 pessoas com a síndrome e 30 óbitos pela enfermidade.

Do total de mortes por gripe neste ano, 47 foram de pessoas que não receberam a vacina, segundo a Secretaria de Saúde de Campinas. Já entre os dez moradores da cidade que receberam o imunizante, oito estavam adequadamente imunizados. Isso porque a vacina leva 15 dias para garantir a proteção ideal e duas pessoas apresentaram os sintomas da doença antes deste período. Além disso, 56 pessoas tinham doenças preexistentes e, portanto, eram do grupo de risco.

Carolina Bueno Somense, enfermeira do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, explica que o aumento de casos graves e mortes por SRAG causada pelo vírus influenza pode ter explicação em alguns fatores: o frio mais rigoroso - o inverno de 2025 foi o mais rigoroso em décadas e com sucessivas ondas de frio; o tempo seco - que fortalece a circulação e transmissão de vírus respiratórios; e a baixa adesão à vacina, que protege contra três tipos de gripe (influenza A, H1N1; influenza A, H3N2 e influenza B/linhagem Victoria).

De acordo com Carolina Bueno Somense, a baixa cobertura vacinal aumenta o risco de circulação de vírus mais agressivos, especialmente para os grupos de risco, causando o ressurgimento de doenças que já estavam controladas ou erradicadas. Segundo ela, a Prefeitura tem realizado estratégias para que a vacina possa chegar a mais pessoas, com vacinações realizadas em shoppings e supermercados, por exemplo, e também a iniciativa do Dia D da Campanha de Multivacinação.

“O que explica este crescimento nas mortes é um conjunto de fatores. Por exemplo, com o frio, as pessoas ficam mais tempo em lugares deixados, sem ventilação, o que também aumenta a possibilidade de transmissão”, explica a enfermeira.

Públicos prioritários

Idosos (60 anos ou mais), crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, puérperas, pessoas com doenças crônicas, povos indígenas, quilombolas, pessoas em situação de rua, trabalhadores da saúde e da educação, profissionais das forças de segurança e salvamento, profissionais das Forças Armadas, pessoas com deficiência permanente, caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo, trabalhadores portuários, trabalhadores dos Correios, população e funcionários do sistema de privação de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

Estes grupos incluem 494,3 mil pessoas, segundo estimativa realizada pelo Ministério da Saúde em maio deste ano. Este indicador pode ser atualizado ao longo do ano.

Cuidados

Além da vacinação, há outros cuidados que devem ser tomados pela população para evitar a transmissão de doenças respiratórias, como lavar as mãos frequentemente, manter os ambientes arejados, evitar aglomerações e, em caso de sintomas respiratórios, utilizar máscaras e evitar o contato com outras pessoas.