Por: Redação

Microplásticos podem afetar a saúde dos ossos

Microplástico interfere em células-tronco da medula | Foto: FRIMU EUGEN frimufilms/Freepik

A produção anual de mais de 400 milhões de toneladas de plástico tem causado impactos que vão além da poluição ambiental. Estudos indicam que o material também contribui para as mudanças climáticas, com a emissão de cerca de 1,8 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano, e pode afetar a saúde humana de forma preocupante.


Pesquisas recentes identificaram microplásticos em diversos tecidos e fluidos do corpo humano — como sangue, placenta, leite materno e até ossos. Agora, um estudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) apoiado pela Fapesp e publicado na revista Osteoporosis International aponta que essas partículas também podem comprometer a saúde óssea.

A revisão de 62 artigos científicos revelou que os microplásticos interferem nas funções das células-tronco da medula óssea e favorecem a formação de osteoclastos, células que degradam o tecido ósseo em um processo chamado reabsorção. "Essas partículas prejudicam a viabilidade celular, aceleram o envelhecimento das células e alteram a diferenciação celular, além de promover inflamação", explica o pesquisador Rodrigo Bueno de Oliveira, coordenador do Laboratório para o Estudo Mineral e Ósseo em Nefrologia (Lemon) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Segundo ele, estudos com animais mostram que a exposição prolongada pode causar displasia, enfraquecimento e deformidades ósseas, além de interromper o crescimento esquelético. "Há indícios de que os microplásticos alcancem até a medula óssea e provoquem perturbações em seu metabolismo", afirma.

A equipe da Unicamp iniciou um novo projeto para investigar o efeito dessas partículas na resistência dos ossos de roedores, buscando entender se a exposição pode agravar doenças osteometabólicas. A pesquisa ganha relevância diante do aumento global de fraturas por osteoporose — estimado em 32% até 2050, segundo a International Osteoporosis Foundation.

"Melhorar a qualidade óssea é prioridade na área da saúde. Nosso objetivo é verificar se os microplásticos podem ser uma causa ambiental, e potencialmente controlável, desse aumento de fraturas", conclui Oliveira.