Por: Raquel Valli - Campinas

Após denúncias, vereadora solicita solução para departamento animal de Campinas

Vereadora Debora Palermo (PL), alerta que "a situação atual coloca em risco a saúde e segurança dos animais" | Foto: Câmara Municipal de Campinas

A vereadora Debora Palermo (PL) de Campinas está solicitando à Prefeitura a terceirização total do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (Dpbea) da cidade após receber denúncias de ONGs e de protetores independentes sobre a precariedade do setor. A ambulância (Samu) e um dos abrigos, que fica em Mairinque (a 100 Km de Campinas), já são terceirizados e também são alvo das denúncias.

A vereadora, simpatizante da causa, alerta que “a situação atual coloca em risco a saúde e segurança dos animais atendidos, exigindo ações imediatas por parte do Executivo Municipal”. A proposta é de que todos os serviços do Dpbea sejam terceirizados e feitos em Campinas. “Isso vai garantir que os animais não precisem mais ser enviados para Mairinque”, declara.

A protetora Carolina Pimenta, presidente da ONG Amor de Bicho, sustenta que a terceirização “seria a solução ideal desde que não exista cartas marcadas” no departamento e que haja supervisão “por pessoas com conhecimento da área, inclusive com envolvimento de ONGs”.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura informou que “não comenta projetos de lei em tramitação”.

Precarização Crônica

A parlamentar solicitou "a terceirização do Dpbea principalmente pelo fato dos funcionários não estarem dando conta do trabalho. Os animais precisam ser bem cuidados, com bom atendimento 24 horas, inclusive nos finais de semana, o que não acontece hoje em dia. É preciso que uma empresa devidamente capacitada possa fazer esse trabalho pelo bem dos nossos animais”.

Em maio, o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC) fez uma vistoria e denunciou a precariedade das instalações (infiltrações, problemas elétricos, banheiros sujos), falta de funcionários para limpar as baias e cuidar dos animais - incluindo a ausência de veterinários. Denunciou ainda infestação de ratos e de medicamentos vencidos.

Macaque in the trees
Departamento foi vistoriado pelo STMC, que constatou precariedades estruturais | Foto: STMC

A vistoria foi feita devido às condições de trabalho dos servidores, que, por conseguinte, impactam diretamente no sofrimento dos bichos. Em resposta, na época, a Prefeitura negou algumas irregularidades, argumentou que os problemas de infraestrutura eram pontuais e afirmou que fará uma reforma nas instalações.

Segundo o Executivo, a obra incluirá ampliação do canil central com novos solários, reforma dos gatis, das instalações para cavalos, construção de clínicas veterinárias, reconstrução da ala administrativa e troca completa da fiação do prédio.

Nesta quinta-feira (16), afirmou que contratou mais um veterinário, totalizando quatro profissionais na equipe, e que um processo para contratação de novos servidores está em trâmite. Informou ainda que fechou uma parceria com o curso de Medicina Veterinária da PUC-Campinas, e que mais de 100 animais receberam tratamento.

Pontuou que o Samu Animal socorreu 2.824 animais, que o consultório veterinário móvel fez 53.490 atendimentos, que o castramóvel fez 44.657 e que 916 adoções foram concluídas.

“O que adianta apresentar esses números se o serviço todo é mal-feito?”, questiona a protetora Marynês Silva, do Adorável Vira-Lata Proteção e Amor (avlcps). “É só pra inglês ver. É só pra fazer propaganda. Não temos um serviço decente para os animais fornecido pela prefeitura, e todo mundo da causa sabe disso”.

Gente que faz

Nesta quinta (16), Marynes assumiu assumiu um Weimaraner, que está com câncer e que terá que amputar a perna. O tratamento ficará em pelo menos R$ 4 mil. 

"O pedido de resgate estava rodando nas redes sociais. Os protetores e as ONGs estão todos lotados porque fazem o trabalho que a prefeitura deveria fazer. Eu não tenho condições de salvá-lo sozinha, mas não tive coragem de deixá-lo nessas condições”, afirma.

Bolt foi levado à Clínica Veterinária Carvalho Vets, que auxilia a protetora. O veterinário Leandro Carvalho, que atendeu o cachorro, afirma que ficou perplexo. “Ele tem 2 anos, mas parece que tem 20. Está caquético, e a ferida dele é de meses. O estado é deplorável”

O abrigo cuida hoje de 30 animais, entre cães e gatos. “Agravou a situação financeira, e as pessoas começaram a abandoná-los. Hoje o nosso projeto passa por uma grande dificuldade. Mas, seguimos em frente”, declara a protetora. 

Macaque in the trees
Bolt foi resgatado | Foto: @carvalhovets/ divulgação