Por: Redação

Projeto da Unicamp transforma humor em ferramenta de divulgação científica

O humorista Rominho Braga durante apresentação para estudantes da rede pública; aproximação com as novas gerações | Foto: Divulgação/Unicamp

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está apostando em uma estratégia inovadora e bem-humorada para dialogar com as novas gerações, especialmente estudantes de escolas públicas, e desmistificar a imagem da instituição. O projeto de extensão "Comédia stand-up como ferramenta de divulgação científica" transforma o rigor acadêmico em piadas e interações leves, utilizando a linguagem popular das redes sociais para alcançar um público que muitas vezes considera a universidade "inatingível".

A iniciativa, coordenada pela professora Catarina Rapôso, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), e contemplada com financiamento da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec), nasceu da percepção de que há um grande desconhecimento sobre o que é e o que oferece a Unicamp. "Percebemos que muitos estudantes desconhecem o que é a Unicamp ou a consideram inatingível e resolvemos reunir e apresentar nossas informações de uma maneira leve e descontraída", explica Rapôso.

A ideia de explorar o formato stand-up partiu da pesquisadora Valquíria Matheus, parceira do projeto. Com experiência em teatro e atenta à distância entre ciência e sociedade evidenciada na pandemia, Matheus defende a necessidade de os cientistas saírem do nicho. "É um privilégio trabalhar fora da caixinha. Cabe ao pesquisador e ao cientista divulgar a ciência, mas, dentro do nosso universo, as informações se mantêm em um nicho muito específico", avalia.

Para garantir a qualidade do humor e o alcance desejado, o projeto integrou o humorista Rominho Braga, do grupo "Em Pé na Rede", conhecido por seu estilo leve e seu expressivo número de seguidores nas redes sociais. A escolha visa cativar o perfil jovem, público-alvo prioritário.

O projeto, que se iniciou em agosto com a criação de uma disciplina de extensão inédita na FCF, demonstrou logo nos primeiros testes a necessidade da ação. Em uma abordagem inicial no calçadão da 13 de Maio, no centro de Campinas, a maioria das pessoas entrevistadas resumiu a Unicamp a um "hospital".

O foco principal são os alunos das escolas públicas. Após contato com colégios parceiros de outro projeto coordenado pela professora Rapôso, estudantes do ensino fundamental e médio das Escolas Estaduais Barão Ataliba Nogueira e Prof. Élcio Antonio Selmi foram levados ao campus em setembro para uma atividade interativa com o humorista.

"Uma demanda que recebi dos docentes é que mesmo os melhores alunos acreditam que jamais vão conseguir estudar na Unicamp", conta a coordenadora. A solução encontrada foi utilizar o jogo de "verdadeiro ou falso" com o stand-up para abordar, de forma descontraída, informações cruciais sobre a vida universitária: gratuidade, programas de inclusão, bolsas de estudo, permanência estudantil, moradia e restaurante universitário.

"Apesar de todos os esforços na diversificação do vestibular, percebemos que muitas dúvidas continuam: 'se eu passar, como vou conseguir estudar?'", questiona Rapôso. Para sanar as incertezas, o projeto não só apresenta as informações, mas também leva alunos bolsistas de diferentes perfis para interagir com os estudantes do ensino básico, mostrando que "estudar na Unicamp é possível" e plantando "a semente" do futuro universitário.