A 1ª Vara do Juizado Cível de Campinas determinou que o vereador Vini Oliveira (Cidadania) retire, em até 24 horas, um vídeo publicado em suas redes sociais com informações falsas sobre a vereadora Mariana Conti (PSOL). A decisão veio a público nessa quarta-feira (14), quando a parlamentar divulgou a decisão sobre o caso em suas plataformas digitais. No vídeo, Oliveira associava acusações infundadas de tráfico de drogas à vereadora de Campinas e à Global Sumud Flotilha (embarcações de missão humanitária que levava alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza).
Mariana Conti estava entre os 400 detidos por Israel que tentaram romper o bloqueio que impedia a entrada de comida e remédios em Gaza, ao lado da ativista climática sueca Greta Thunberg e do brasileiro Thiago Ávila, que coordenou a ação.
"É uma vitória com certeza! Vini é o vereador das fake news. Esse é o modus operandi da extrema-direita - da qual ele é um aprendiz - usa de mentiras e conteúdos baixos para inflar sua base eleitoral e enganar a população", afirmou Mariana Conti.
"Nós fomos para o enfrentamento com ele, ganhamos, e seguiremos até que esse projeto representado por ele seja derrotado!", completou a vereadora.
Na semana passada (9), a Agência Lupa (agência de checagem de fatos) analisou o vídeo e classificou o conteúdo como fake news. A checagem apontou que a declaração exibida nas imagens, feita pelo o ministro israelense Itamar Ben-Gvir, não menciona a parlamentar brasileira e nem apresenta provas de que tenha sido encontrada alguma substância ilegal nas embarcações.
Além disso, não há registros sobre o caso na imprensa brasileira ou internacional, o que indica que a informação não é verdadeira. A assessoria de imprensa da flotilha informou que as embarcações transportavam medicamentos, alimentos, água, fórmula para crianças e próteses destinadas a pessoas que tiveram seus membros amputados pelos bombardeios israelenses.
"Eu respeito a decisão da Justiça, nem por isso eu concordo. Ainda tem muita coisa pra rolar nesse processo", disse Vini Oliveira. Ao ser questionado se o vídeo já teria sido removido, o vereador respondeu: "Minha assessoria é responsável pela postagem e retirada".
Flotilha
A Marinha de Israel interceptou, entre a noite de 1º e a madrugada de 2 de outubro, as embarcações da flotilha humanitária Global Sumud, que levavam alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza.
Os mais de 40 barcos foram atacados em águas internacionais, segundo os organizadores. O governo brasileiro condenou a ação militar e reafirmou o princípio da liberdade de navegação, pedindo o fim imediato das restrições impostas por Israel à ajuda humanitária.
Em setembro, uma comissão da ONU classificou as ações israelenses em Gaza como genocídio. A Corte Internacional de Justiça também determinou que Israel permita a entrada de auxílio no enclave, onde mais de 60 mil pessoas morreram desde 2023.