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Teoria de pesquisador da Unicamp foi base para Nobel

Moara Semeghini

O Prêmio Nobel de Física de 2025, anunciado e entregue na terça-feira (7), pela Academia Real das Ciências da Suécia, em Estocolmo, teve como base o trabalho do pesquisador brasileiro Amir Ordacgi Caldeira, professor do Instituto de Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e membro da ABC (Academia Brasileira de Ciências).

Os três cientistas vencedores da honraria, o britânico John Clarke, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e o francês Michel H. Devoret e o americano John Martinis, ambos da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, utilizaram o modelo teórico chamado "modelo de Caldeira-Leggett".

"Caldeira" é uma referência à pesquisa de doutorado do professor da Unicamp, Amir Caldeira, que também é bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde 1982. Já "Leggett" é referência ao físico-teórico Anthony Leggett, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, que venceu o Nobel em 2003 e foi orientador do pesquisador brasileiro.

"O reconhecimento chegou como um presente, pois fiz aniversário dia 6 de outubro e o prêmio foi anunciado dia 7", disse o professor da Unicamp. O pesquisador assistiu à premiação ao vivo, pelo celular. "Vi quando anunciaram os premiados que fizeram o trabalho resultantes de nossa tese de doutorado. O prêmio reconheceu que toda a nossa ideia poderia ser realizada. O experimento foi comprovado!", comemorou Amir Caldeira.

Os premiados usaram modelo de Caldeira-Leggett e demonstraram que os fenômenos da mecânica quântica, que pensávamos que só existiam no nível subatômico, podem se manifestar em sistemas grandes o suficiente para caber na mão.

De acordo com o pesquisador, o prêmio Nobel de Física de 2025 evidencia a importância da mecânica quântica para sistemas mais gerais do que aqueles para os quais a teoria havia sido originalmente desenvolvida. Ainda segundo Amir, o prêmio chama a atenção para a ciência feita no Brasil. "É evidente que investimento em ciência é importante para o País, que deve investir em alta tecnologia e ciência", afirmou.

Para explicar como os novos experimentos serão usados no futuro, o professor da Unicamp usa o exemplo do laser. "O cientista que desenvolveu o laser falava: 'eu tenho uma solução em busca de um problema'. Ninguém jamais poderia imaginar que o laser faria cirurgias variadas ou mesmo que seria usado em impressora", explicou Amir.

Comemoração

Em comemoração aos 45 anos do modelo Caldeira-Leggett e à longa carreira de Caldeira, uma conferência acontecerá em Campinas, na Casa do Professor Visitante da Unicamp e no CNPEM, de 13 a 15 de outubro.

O evento reunirá 26 pesquisadores, incluindo Leggett e Caldeira, que discutirão diversas áreas influenciadas pelo modelo, como mecânica e informação quântica, materiais, ótica e biologia quântica.