São Paulo enfrenta um avanço expressivo nos furtos de hidrômetros em 2025, problema que impacta diretamente o abastecimento de água, gera desperdício e provoca prejuízos milionários. Dados da Sabesp indicam que a capital paulista registrou quase 20 mil ocorrências entre janeiro e outubro deste ano, número mais de 30% superior ao do mesmo período de 2024.
Ao todo, foram contabilizados 19.966 furtos de hidrômetros na cidade, contra 15.674 no ano anterior. O crescimento do crime elevou também os custos operacionais: o valor gasto com reposição dos equipamentos saltou de R$ 5 milhões para cerca de R$ 7 milhões em apenas um ano. A prática tem causado transtornos em bairros residenciais e comerciais, além de desperdício de água potável devido a vazamentos provocados pela retirada irregular dos aparelhos.
O hidrômetro furtado é, em sua maioria, fabricado com base metálica de latão, material que possui valor de revenda no mercado clandestino de sucata. Após a remoção, os equipamentos costumam ser comercializados ilegalmente em ferros-velhos, alimentando uma cadeia de crimes ambientais e urbanos. Além do prejuízo financeiro, a retirada provoca vazamentos contínuos, queda de pressão na rede e risco de danos estruturais aos imóveis.
Como resposta ao aumento dos furtos, a Sabesp intensificou um programa de substituição preventiva dos hidrômetros metálicos por modelos fabricados em plástico, que não possuem valor comercial. Somente em 2025, a companhia investiu R$ 22 milhões na troca de 86 mil equipamentos na capital paulista. A medida busca reduzir a atratividade do crime e minimizar os impactos no sistema de abastecimento.
Para 2026, o plano prevê a substituição de outros 450 mil hidrômetros em São Paulo, com investimento estimado em R$ 115 milhões. Segundo a Sabesp, os custos relacionados à reposição e à prevenção acabam integrando a estrutura tarifária futura, o que torna o combate aos furtos uma ação estratégica para o equilíbrio financeiro do serviço e para a moderação de reajustes.
Embora o problema seja registrado em diversas regiões do país, São Paulo concentra uma das maiores incidências, tanto em volume de casos quanto em prejuízo financeiro. Capitais como Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Manaus também enfrentam a prática, adotando soluções semelhantes para reduzir as ocorrências. No Rio, por exemplo, a troca por hidrômetros plásticos resultou em queda significativa nos furtos desde 2023.
Na capital paulista, além da substituição dos equipamentos, a Sabesp reforça ações de monitoramento, orienta moradores a registrarem boletins de ocorrência e trabalha em parceria com órgãos de segurança para coibir a receptação de materiais furtados. A empresa também alerta que o furto de hidrômetros é crime, causa desperdício de água tratada e compromete a eficiência do abastecimento urbano.
Especialistas apontam que o enfrentamento do problema exige ações integradas, incluindo fiscalização de ferros-velhos, conscientização da população e investimentos em tecnologia. Enquanto isso, São Paulo segue como epicentro de um crime que afeta diretamente o cotidiano da cidade, a sustentabilidade dos recursos hídricos e o bolso do consumidor.