O presidente da França, Emmanuel Macron, que o país vai se opor fortemente a qualquer tentativa da União Europeia de forçar a aprovação de um acordo comercial com o Mercosul. Segundo um porta-voz do governo francês, Macron voltou a se opor ao texto em reunião de gabinete na quarta (17). No dia anterior, o mandatário já havia manifestado seu descontentamento com as condições atuais e defendeu o adiamento da assinatura.
A França também quer salvaguardas mais rígidas, incluindo "cláusulas espelho" que exigem que os produtos do Mercosul cumpram as regras da UE sobre o uso de pesticidas e cloro, além de inspeções mais rigorosas de segurança alimentar.
"Ninguém entenderia se vegetais, carne bovina e frango quimicamente tratados com produtos proibidos na França chegassem ao nosso solo", disse a porta-voz do governo francês, Maud Bregeon.
Defensores do acordo afirmam que ele não substituiria as regulamentações existentes da UE sobre padrões alimentares.
O Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho, o agrupamento de governos da UE, devem negociar um acordo sobre as salvaguardas do Mercosul ainda nesta quarta-feira, depois que os legisladores da UE apoiaram o fortalecimento de alguns controles sobre importações de certos produtos agrícolas.
Na terça-feira (16), o Parlamento Europeu aprovou o texto com as salvaguardas pedidas para amenizar a intransigência da França, principal opositora do tratado.
A Casa adotou uma regra mais severa que a proposta formulada pela Comissão Europeia. Bruxelas lançará uma investigação se a flutuação nos preços de mercadorias sensíveis for maior do que 5%, contra 10% do texto inicial. Será exigido também que os produtos do Mercosul sejam sancionados se não cumprirem com os exigentes padrões sanitários e ambientais do bloco.
O lado sul-americano tem interesse no acordo pelos produtos agrícolas, enquanto o lado europeu se interessa pela exportação com tarifas mais baixas ou zeradas de veículos, máquinas, serviços e vinhos.
Havia a expectativa de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajasse para o Brasil neste sábado (20) para assinar o acordo, alcançado há um ano depois de 25 anos de negociações com o bloco formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Antes, o acordo precisa ter o aval do Conselho da UE, que tem os 27 países-membros. A França já declarou sua oposição ao acordo e tem o apoio de Itália, Polônia e Hungria, o que deixa próximo de uma minoria de bloqueio antes inimaginável no conselho.
Para barrar uma proposta no fórum, que funciona como um colegislador e é formado por ministros dos 27 integrantes do bloco, é preciso reunir ao menos quatro países e uma fatia correspondente a 35% da população da UE.