Por: Da redação

CPI do Metanol ouve vítimas de bebidas adulteradas

Objetivo é apurar a venda de bebida alcoólica adulterada | Foto: Lucas Bassi/Câmara Municipal de São Paulo

A CPI do Metanol realizou, nesta terça-feira (16), duas reuniões decisivas para avançar na investigação sobre a venda de bebidas alcoólicas adulteradas na capital paulista. O foco foi ouvir vítimas e familiares afetados pela contaminação por metanol, substância tóxica associada a mortes e sequelas graves. Parlamentares também aprovaram requerimentos para ampliar o acesso a informações de saúde e reforçar ações de prevenção.

No primeiro encontro, a comissão aprovou convites formais para que vítimas e parentes participassem das oitivas. Na sequência, três pessoas diretamente envolvidas em casos registrados em São Paulo prestaram depoimento, detalhando os impactos físicos, emocionais e sociais causados pela ingestão de bebidas falsificadas.

A primeira a falar foi Radharani Dasi, intoxicada em setembro após consumir caipirinhas em um bar da região da Avenida Paulista. Ela relatou que perdeu a consciência após a terceira dose e só soube do ocorrido por relatos de familiares. Internada em estado grave, passou cinco dias em coma induzido, realizou hemodiálise e teve confirmada a contaminação por metanol. Hoje, convive com severa perda visual. Para ela, há responsabilidade tanto dos estabelecimentos quanto do poder público, diante da falta de punições efetivas.

Em seguida, Wesley Neves, de 32 anos, contou que ingeriu whisky adulterado comprado em uma adega. Dias depois, apresentou dores intensas, fraqueza extrema e foi hospitalizado. A mãe do jovem afirmou que ele perdeu a visão e não consegue retornar ao trabalho. O diagnóstico inicial equivocado atrasou o tratamento adequado, agravando as sequelas.

O momento mais emotivo foi o depoimento de Helena dos Anjos Martins da Silva, mãe de Rafael, que morreu 50 dias após consumir gin adulterado. Enfermeira, ela descreveu o rápido agravamento do quadro do filho, que chegou ao hospital já em coma. Mesmo com suspeita de intoxicação por metanol, houve dificuldade para acesso à hemodiálise e aos medicamentos necessários, resultando em danos irreversíveis.

Antes das oitivas, vereadores da CPI se manifestaram. A vice-presidente Ely Teruel destacou o compromisso de identificar e responsabilizar os criminosos. A relatora Sandra Santana ressaltou a importância de colaborar com autoridades para que a justiça seja feita. Adrilles Jorge classificou os casos como crimes graves e defendeu punições exemplares, enquanto Sargento Nantes afirmou que os depoimentos ajudam a evitar novas vítimas.

Ao final, cinco requerimentos foram apresentados, incluindo pedidos de informações às Secretarias de Saúde sobre medicamentos para intoxicação por metanol, solicitação de inquéritos ao Ministério Público e a criação de campanhas educativas para alertar a população sobre riscos, sintomas e formas de denúncia. A reunião foi conduzida pela presidente da CPI, vereadora Zoe Martínez, com participação de parlamentares de diferentes partidos.