Por: Da Redação

Cesta básica cai no país e SP mantém maior valor

Dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos | Foto: PxHere

O valor da cesta básica caiu em 24 das 27 capitais brasileiras no mês de novembro, mas São Paulo segue registrando o preço mais alto entre todas as cidades pesquisadas. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a capital paulista fechou o período com custo médio de R$ 842,26, consolidando-se como o município onde alimentar-se pesa mais no bolso do consumidor.

Com a divulgação dos novos resultados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, reforça-se uma tendência observada ao longo do segundo semestre: quedas expressivas nos preços de itens essenciais em quase todas as regiões do país. A redução média nacional foi influenciada principalmente por produtos como arroz, tomate, açúcar, leite e café — alimentos que também compõem a cesta paulista, mas que, mesmo com recuos, não foram suficientes para alterar o topo do ranking.

Enquanto São Paulo aparece em primeiro lugar entre os valores mais elevados, outras capitais do Sul e Centro-Oeste também figuram entre as mais caras. Florianópolis registrou custo médio de R$ 800,68; Cuiabá, R$ 789,98; Porto Alegre, R$ 789,77; e Rio de Janeiro, R$ 783,96. Esses números mostram que o peso do consumo básico segue maior sobretudo em centros urbanos com alto nível de demanda, forte pressão logística e custo de vida mais elevado.

A queda generalizada de preços observada em novembro foi influenciada principalmente pela forte oferta agrícola. O presidente da Conab, Edegar Pretto, reiterou que o comportamento dos valores reflete a safra recorde de 2025. Para ele, “o Brasil colhe este ano uma das maiores produções de alimentos da história, e isso chega diretamente ao consumidor, que encontra produtos mais baratos e com excelente qualidade”. A tendência, segundo ele, é de continuidade caso as condições climáticas permaneçam favoráveis.

No balanço nacional, apenas três capitais registraram aumento no preço da cesta básica — Rio Branco (0,77%), Campo Grande (0,29%) e Belém (0,28%). As demais acompanharam o movimento de queda, com destaques para Macapá, Porto Alegre, Maceió, Natal e Palmas, que tiveram as maiores reduções percentuais.

Embora o foco da pesquisa seja amplo, São Paulo se mantém no centro das atenções pela combinação entre queda em itens específicos e manutenção do valor total elevado. Entre os alimentos analisados, o arroz foi um dos produtos que mais recuaram em todo o país. O cereal apresentou redução em todas as capitais acompanhadas, impulsionado pela forte oferta e pela regularidade das colheitas. Já o tomate teve retração em 26 capitais, reflexo da fase de maturação e melhor abastecimento no varejo. Mesmo com tais baixas, os efeitos no custo total não foram suficientes para reduzir o preço paulista a patamares menores.

Outro destaque entre os itens foi o açúcar, que ficou mais barato em 24 capitais. A redução ocorreu devido à queda nos preços internacionais e ao aumento da oferta em período de safra. Em Aracaju e Boa Vista ocorreram os recuos mais expressivos, acima de 6%. Já o leite integral também apresentou reajuste para baixo, influenciado pelo excesso de oferta nas propriedades e pela importação de derivados.

O café em pó foi outro produto com redução importante, ficando mais barato em 20 cidades. A boa produtividade das lavouras e o andamento das negociações comerciais contribuíram para aliviar os preços no varejo. Contudo, assim como os demais itens, o impacto no custo final da cesta paulistana foi limitado.

As capitais com menores valores em novembro foram Aracaju (R$ 538,10), Maceió (R$ 571,47), Natal (R$ 591,38), João Pessoa (R$ 597,66) e Salvador (R$ 598,19). Apesar de a composição da cesta nas regiões Norte e Nordeste ser diferenciada, o contraste com São Paulo mostra o quanto o custo de vida é mais alto na maior metrópole brasileira.

A pesquisa, agora ampliada para incluir todas as capitais do país, resulta da parceria entre Conab e Dieese e reforça políticas públicas voltadas à segurança alimentar e ao abastecimento nacional. Desde agosto de 2025, a coleta passou a abranger 27 capitais, permitindo um panorama mais completo das condições de consumo no Brasil.

Para São Paulo, os dados reforçam um cenário já conhecido pelos consumidores e especialistas: mesmo com quedas pontuais em alimentos essenciais, o valor da cesta básica segue pressionado por fatores como alto fluxo populacional, forte demanda e custos de transporte e armazenagem. Ainda assim, o comportamento de baixa dos preços em todo o país pode indicar alívio gradual para os paulistanos nos próximos meses, caso as condições de produção se mantenham positivas e a oferta continue elevada.