O Acre registrou um aumento de 40,3% no número de etnias indígenas entre os anos de 2010 e 2022, de acordo com os dados do Censo Demográfico 2022, vistos sob novo recorte divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento aponta que o total passou de 57 para 80 grupos étnicos no estado.
A Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi) atribui o crescimento a políticas de demarcação territorial e também ao incentivo à preservação das línguas nativas, voltadas à promoção dos direitos dos povos originários.
O estado possui 29,5 mil pessoas indígenas com 2 anos ou mais, das quais 15,7 mil têm entre 2 e 19 anos. Nesse grupo, 10 mil falam a língua materna no ambiente familiar, o que representa 63,79% dos jovens indígenas acreanos.
Língua materna
De acordo com a agência estadual de notícias, o estudo indica que o Acre é o estado com maior proporção de jovens indígenas que preservam o idioma nativo. Entre os 18,2 mil moradores que utilizam a língua tradicional no cotidiano, 55,18% estão na faixa etária de 2 a 19 anos, o que reforça a relevância da juventude na continuidade cultural.
Nacionalmente, apenas sete estados têm mais da metade da população indígena nessa faixa etária mantendo o uso do idioma em casa: Acre, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Paraíba e Minas Gerais.
O índice é considerado um indicador importante para avaliar a vitalidade linguística entre as novas gerações.
A Sepi destaca ainda que a expansão da população nativa reforça a necessidade de fortalecer políticas públicas voltadas à valorização cultural e à proteção de territórios.
Já o governo estadual tem concentrado esforços na promoção de ações de resgate linguístico, educação bilíngue e incentivo à diversidade.
Entre as medidas, estão programas de formação de professores indígenas, incentivo à produção cultural e apoio a eventos que promovem intercâmbio entre comunidades do Acre, de outros estados e de países vizinhos.
A pasta também afirma que o trabalho de preservação depende do envolvimento de famílias e lideranças locais, que seguem transmitindo o idioma e os costumes às novas gerações.