A primeira etapa da Operação de Desintrusão da Terra Indígena Kayapó (OD-TIKAY), no Pará, foi encerrada com números superiores aos planejados pelas autoridades. Desde maio, mais de 1.380 alvos ligados à extração ilegal de minérios foram destruídos, o dobro da meta inicial de 650.
A operação, conduzida por mais de 20 órgãos federais, gerou prejuízo estimado em R$ 97,3 milhões às redes criminosas. Ao todo, 967 estruturas usadas em atividades irregulares foram inutilizadas, além de 117 acampamentos, 406 motores e 25 escavadeiras hidráulicas.
As equipes apreenderam 22,8 mil litros de óleo diesel, 63 gramas de ouro e aplicaram R$ 164,5 mil em multas ambientais. Com apoio de ações aéreas, terrestres e fluviais, foram realizadas 686 incursões em áreas de difícil acesso.
Dados oficiais apontam redução de 96% nos alertas de garimpo e 95% na indicação de desmatamento dentro do território. O Rio Fresco, um dos mais impactados pela atividade garimpeira, já apresenta sinais de recuperação da qualidade da água. As ações ocorreram após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, que determina a retirada de não indígenas de terras protegidas.
O STF considera a presença de invasores como ameaça à vida dos povos originários.
Além das ações contra o garimpo, foram apreendidos 257 quilos de cocaína e 238 quilos de pasta-base nas rodovias federais próximas à terra indígena.
Também houve o recolhimento de quatro caminhões transportando 217 metros cúbicos de madeira retirada ilegalmente. A Força Nacional e a Fundação Nacional dos Povos (Funai) Indígenas permanecem na área para evitar a volta de atividades clandestinas.
Paralelamente, será apresentado às comunidades um plano de sustentabilidade voltado à segurança territorial e à manutenção das condições de vida.
A Terra Indígena Kayapó foi homologada em 1991 e ocupa 3,28 milhões de hectares nos municípios de São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte e Bannach.
O território abriga mais de 6,3 mil indígenas dos povos Mebengôkre e grupos isolados do Rio Fresco. A OD-TIKAY é coordenada pela Casa Civil e envolve ministérios como Defesa, Justiça, Povos Indígenas e Meio Ambiente e outros.