Faltando menos de 100 dias para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), os governos paraense e Federal intensificaram ações para reforçar que a capital do Pará está em condições de receber o evento.
A movimentação responde a críticas sobre a falta de estrutura, especialmente de hospedagem, e a denúncias de preços abusivos nas acomodações.
Uma apuração do jornal O Globo, publicada na segunda-feira (4), apontou que hotéis de três estrelas em Belém chegaram a cobrar R$ 85 mil por diárias durante o período da COP. Para efeito de comparação, o valor ultrapassa os preços cobrados pelo Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
Em entrevista à Agência Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o governo está "mitigando e superando" os preços altos, com fiscalizações na rede hoteleira. Ele comentou que alguns valores serão subsidiados para países de menor poder aquisitivo.
"O governo brasileiro está atuando fortemente para que não haja nenhum argumento - inclusive esse de que não há leitos e de que os preços estão exorbitantes. Visitei hotéis aqui, hoje, que estão sendo entregues com diárias de R$ 2 mil ou R$ 3 mil", disse Sabino.
Além disso, a preparação envolve mais de 40 obras com foco em mobilidade, saneamento, turismo e tecnologia.
Segundo o governo do Pará, os investimentos ultrapassam R$ 4 bilhões e são financiados com recursos do Orçamento Geral da União, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Itaipu Binacional e de contrapartidas locais.
A Agência Pará de Notícias informou que mais de 5 mil empregos diretos e indiretos já foram gerados, e que a COP30 deve reunir 196 países.
Início da polêmica
As críticas ao evento se intensificaram na última sexta-feira (1º), quando a Folha de S.Paulo revelou uma carta enviada por 29 países à Secretaria Extraordinária da COP30 e à ONU solicitando a mudança em razão dos altos preços.
Também na sexta, o presidente da COP, André Corrêa do Lago, reconheceu o problema em coletiva de impresa. "Os preços estão muitíssimos mais altos. Então, há uma operação em curso para assegurar que todos os países possam vir", disse.