Mateus Lincoln
O governo do Pará tem adotado medidas para garantir hospedagem durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) e evitar que o evento seja transferido de Belém. O esforço é uma resposta à carta assinada por 29 países que alertam para a possibilidade de mudança de sede, caso não haja acomodações acessíveis para os participantes.
O documento, revelado pela Folha de S.Paulo, foi enviado à Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil, e ao braço climático da ONU.
Assinam representantes de dois blocos — países menos desenvolvidos e negociadores africanos — e 27 nações, entre elas Bélgica, Canadá, Noruega, Coreia do Sul e Holanda.
Para atender à demanda, o governo do Pará afirmou, em nota ao Correio da Manhã, que está construindo hotéis como o Vila COP, com 405 leitos, além de preparar escolas para funcionar no modelo hostel e viabilizar navios como hospedagem flutuante. Também estimula o aluguel de temporada por plataformas digitais e assinou, em julho, um acordo com a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) para garantir preços acessíveis.
À reportagem, a gestão estadual destacou que os preços da rede hoteleira são regulados por normas privadas, mas reforçou que está em diálogo com o setor para evitar abusos.
Em âmbito Federal, a Secretaria Extraordinária da COP30 informou que o plano de acomodação está sendo implantado por etapas e que, neste momento, a prioridade é atender as delegações envolvidas nas negociações formais. Já foram disponibilizados 2,5 mil quartos individuais, com valores entre 100 e 600 dólares.
Países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares receberam 15 quartos por grupo, com tarifas entre 100 e 200 dólares. Os demais tiveram direito a 10 unidades, com preços entre 220 e 600 dólares.
Em evento recente, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que há pressão internacional para a mudança da sede em razão dos altos custos das acomodações. Ao portal G1, disse que delegações de países em desenvolvimento estão revoltadas com os valores e ameaçam não participar da conferência. E que parte do setor ainda não entendeu a gravidade da situação.