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Pará é líder sustentável na produção global de cacau

O Pará alcançou a maior produtividade de cacau por hectare do mundo. Segundo relatório elaborado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), o estado tem média de 847 quilos por hectare, superando a média nacional de 483 kg/ha e a do continente africano, de 500 kg/ha.

Medicilândia, no sudoeste paraense, registra produtividade de 1.190 kg/ha, sendo o maior produtor de amêndoas de cacau do Brasil.

A área plantada no Pará é de 169,6 mil hectares, bem inferior à da Bahia, que utiliza 425 mil hectares e tem menor rendimento. O cultivo no Pará é feito, em grande parte, pelo sistema agroflorestal (SAF), que associa agricultura com preservação ambiental.

O sistema é adotado principalmente na região da BR-230, em áreas com solo fértil, como o município de Medicilândia.

O governo estadual tem investido em diversas ações para manter e ampliar a produção de cacau. Por meio da Agência de Defesa Agropecuária (Adepará), são realizadas campanhas educativas, vistorias em propriedades e ações contra pragas.

A Sedap atua com uso de tecnologias como sensoriamento remoto e imagens de satélite para mapear áreas produtivas.

Outro foco é o apoio técnico por meio do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura.

O programa repassa recursos para produção de sementes e assistência a agricultores.

Em 2025, o Pará iniciou o projeto de prevenção à monilíase, praga que ameaça plantações. A proposta envolve treinamentos e medidas de proteção nas divisas estaduais.

Nos últimos 17 anos, o sistema agroflorestal com cacau ajudou a recuperar 229 mil hectares degradados.

Por se desenvolver melhor em sombra, a planta favorece a regeneração ambiental.

No município do Acará, mulheres da comunidade Acará-Açu criaram o grupo "Guardiãs do Cacau". Elas utilizam frutos nativos para fabricar chocolate e artesanato, combinando geração de renda com preservação da floresta.

Outro exemplo é o produtor Francisco Sakaguchi, de Tomé-Açu. Ele mantém o sistema "Safta", baseado em práticas agroflorestais. A iniciativa surgiu em 1970, com incentivo da comunidade japonesa.