A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), prevista na Lei nº 15.250/2025, deve injetar cerca de R$ 1,7 bilhão por ano na economia do Nordeste a partir de janeiro de 2026.
A estimativa é da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e considera os efeitos da medida sobre a renda disponível das famílias da região. No cenário nacional, a renúncia fiscal projetada pelo Governo Federal é de R$ 25,8 bilhões, com impacto direto para cerca de 15 milhões de contribuintes em todo o País.
Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova legislação garante isenção total do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais, além de descontos graduais para rendas de até R$ 7.350. Segundo a Sudene, a combinação dessas duas medidas deve ampliar em aproximadamente R$ 126,7 milhões por mês a renda disponível no Nordeste, fortalecendo o consumo e estimulando a atividade econômica regional.
O levantamento aponta que três estados concentram a maior parte desse impacto mensal: Bahia, com 31,47% do total; Pernambuco, com 21,06%; e Ceará, com 16,02%. Juntos, eles respondem por 68,55% da ampliação mensal da renda na região. Em seguida aparecem Maranhão (8,60%), Rio Grande do Norte (5,79%), Paraíba (5,09%), Alagoas (4,65%), Piauí (3,71%) e Sergipe (3,61%).
Em valores absolutos, os acréscimos mensais estimados variam de cerca de R$ 5 milhões em estados como Sergipe e Piauí. Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão devem registrar ganhos entre R$ 6 milhões e R$ 11 milhões por mês. No Ceará, a projeção é de aproximadamente R$ 20 milhões mensais, enquanto Pernambuco pode alcançar quase R$ 27 milhões e a Bahia cerca de R$ 40 milhões por mês.
Para o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, a medida evidencia o compromisso do Governo Federal com o fortalecimento do poder de compra das famílias e com a dinamização da economia nordestina. "A ampliação da isenção do Imposto de Renda cria condições reais para que mais trabalhadores movimentem o comércio, estimulem a produção e fortaleçam a economia regional", avaliou.
De acordo com a análise da autarquia, o impacto anual da medida no Nordeste se aproxima de R$ 2 bilhões.
Embora o valor estimado fique abaixo desse teto, a Sudene ressalta que o efeito multiplicador tende a ser significativo, já que a renda adicional incide majoritariamente sobre famílias com maior propensão ao consumo. Esse perfil contribui para a circulação mais rápida dos recursos na economia local, impulsionando setores como comércio e serviços.
O economista da Sudene Miguel Vieira explica que a renda extra pode se refletir em mudanças no padrão de consumo das famílias. "Os consumidores podem optar por fazer uma feira maior, incluindo itens que antes não adquiriam, ou direcionar parte dos recursos para a compra de roupas, calçados e até eletrodomésticos. Por outro lado, o aumento da demanda pode incentivar empresas a buscar crédito para ampliar a produção", afirmou.
Método de pesquisa
Para chegar às estimativas, a Sudene distribuiu os vínculos empregatícios formais por faixas de renda e adotou valores centrais para cada uma delas. Em seguida, aplicou a calculadora de desconto do Imposto de Renda do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os descontos estimados foram multiplicados pela quantidade de trabalhadores em cada faixa salarial, conforme o modelo de cálculo estabelecido pela Lei nº 15.250/2025.