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Feira Baiana ressalta presença indígena e quilombola dia 10

A 16ª Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária reunirá, entre os dias 10 e 14 de dezembro de 2025, no Parque Costa Azul, em Salvador, o maior conjunto de manifestações culturais, tradicionais e produtivas de povos indígenas e comunidades quilombolas da Bahia. O evento, que chega a mais uma edição consolidado como vitrine da produção rural e dos saberes ancestrais dos 27 Territórios de Identidade, promete atrair milhares de visitantes com a oferta de mais de seis mil produtos e uma programação que integra gastronomia, artesanato, economia solidária e atrações culturais.

O público que visitar as tendas Indígena e Quilombola encontrará uma ampla variedade de itens que expressam identidade, resistência e modos de vida tradicionais. Estarão disponíveis artesanatos como cestarias, cerâmicas, tapetes, peças de decoração e biojoias feitas a partir de fibras, sementes, pedras e materiais naturais. Também serão comercializados acessórios — bolsas, colares, brincos, roupas com identidade étnica — e artigos simbólicos da cultura indígena, incluindo cocares, instrumentos musicais e bebidas tradicionais. A diversidade se estende ainda à oferta de ervas, raízes, plantas medicinais e produtos naturais reconhecidos pela sabedoria popular de diferentes etnias.

Entre os destaques desta edição está a produção da Agroindústria Familiar dos povos Payayá, localizada em Utinga, na Chapada Diamantina, que transforma frutos nativos e matérias-primas da região em doces artesanais, geleias, compotas, ervas e bebidas naturais elaboradas a partir de flores, folhas e raízes. A agroindústria também é reconhecida pela qualidade dos itens derivados da caprinocultura, como doce de leite de cabra cremoso, queijo artesanal, ambrosia e doce de leite em pedaços.

Representante da etnia, Otto Payayá explica que a preparação dos produtos envolve rituais e respeito ancestral. "Estamos preparando itens artesanais elaborados pelas mulheres da comunidade, feitos a partir de frutos coletados pelas famílias Payayá, sempre com forte vínculo espiritual, desde a coleta até o processamento. Os frutos nativos são cuidadosamente selecionados e transformados em uma variedade de produtos que serão apresentados na Feira", destaca o guardião dos saberes tradicionais.

A Tenda Quilombola também será um ponto central da programação, com a exposição da ancestralidade, inovação e sustentabilidade das comunidades quilombolas. Entre os elementos que mais chamam atenção estão as biojoias produzidas com coco de piaçava, fruto do extrativismo sustentável que integra tradição e economia local. A artesã Leonildes dos Anjos, conhecida como Bilu, da Associação Beneficente de Pesca e Agricultura de Ituberá (ABPAGI), no território Baixo Sul, reforça o simbolismo presente no trabalho das artesãs.

"É com imensa alegria e orgulho que apresento nosso trabalho na Tenda Quilombola. Nossas peças são mais que adornos: representam nossa história, refletem a herança dos nossos ancestrais e demonstram o profundo respeito que temos pela natureza. Transformamos, de forma sustentável, fibras e sementes em obras de arte que embelezam as pessoas e dão um toque único à decoração de casas e ambientes. Cada peça é um fragmento da nossa identidade e um convite à conexão com a força da cultura quilombola", afirma Bilu.

Realizada pelo Governo do Estado, por meio da SDR e da CAR, e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em parceria com a UNICAFES Bahia, a 16ª edição da Feira reafirma seu papel como o maior evento do segmento na Bahia. Além das tendas temáticas, a programação inclui a 3ª Feira Agroecológica da Bahia, duas grandes praças gastronômicas com pratos típicos.