Fernando de Noronha será a primeira ilha oceânica habitada da América Latina a operar com energia totalmente limpa.
O Governo Federal lançou o projeto Usina Solar Noronha Verde, que prevê a descarbonização total da geração elétrica do arquipélago até 2027. A iniciativa é do Ministério de Minas e Energia (MME) em parceria com a Neoenergia e o Governo de Pernambuco.
Com investimento de R$ 350 milhões, a usina contará com mais de 30 mil painéis fotovoltaicos e sistemas de armazenamento por baterias.
Os equipamentos ocuparão 24,6 hectares da ilha, o equivalente a 1,5% de sua área total, em terrenos cedidos pela Aeronáutica e pela administração estadual. A primeira etapa entrará em operação em maio de 2026 e a segunda, no primeiro semestre de 2027.
Segundo o ministro Alexandre Silveira, o projeto simboliza o avanço do Brasil na transição energética. "Noronha dá exemplo para o mundo. Essa é a nova economia, que gera emprego, renda e sustentabilidade", afirmou. Já o presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, controladora da Neoenergia, destacou que o país é hoje referência mundial no setor elétrico pela estabilidade regulatória e clareza nas políticas energéticas.
A usina terá capacidade de 22 MWp e sistema de baterias de 49 MWh, o suficiente para abastecer cerca de 9 mil residências no continente. De acordo com o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, a substituição do diesel reduzirá em até 10% o custo da geração na ilha. "Durante o dia, a energia solar abastecerá o consumo e carregará as baterias, que fornecerão eletricidade à noite, com segurança e emissões zero", explicou.
Atualmente, 95% da energia de Noronha vem da Usina Tubarão, movida a diesel, que consome cerca de 30 mil litros diários do combustível trazido do continente.
Um marco
A governadora Raquel Lyra celebrou a mudança como um marco histórico. "Tirar o diesel daqui é abrir uma nova janela de oportunidades para o turismo e o desenvolvimento sustentável", afirmou. Moradora da ilha, a professora Edileuza Maria dos Santos resumiu o sentimento da comunidade: "Queríamos ver Noronha crescer sem perder a essência da natureza."