O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 20 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão e afastou um adolescente de 15 anos das atividades de corte de pedras durante operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) realizada entre 26 de outubro e 5 de novembro nas regiões do Cariri e do Sertão dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco.
A ação alcançou oito frentes de trabalho ligadas à cadeia produtiva de extração e beneficiamento de pedras para paralelepípedos, além de uma obra pública que utilizava o material proveniente das pedreiras fiscalizadas. Em seis locais foram constatadas condições degradantes, ausência de direitos trabalhistas e graves riscos à vida e à saúde.
Os auditores-fiscais encontraram um trabalhador em Juazeiro do Norte (CE), cinco em Caldeirão Grande do Piauí (PI) e 14 em Exu e Parnamirim (PE), onde também foi identificado o adolescente. Todos foram retirados imediatamente das frentes de trabalho.
Segundo os auditores do GEFM, os trabalhadores viviam em barracos de lona e madeira erguidos sobre o chão batido, sem banheiros, chuveiros ou água potável. Dormiam em redes ou colchões velhos sobre tarimbas e preparavam as refeições em fogões improvisados, comendo sobre o chão ou sobre pedras. Em uma pedreira, porcos circulavam entre as vasilhas usadas nas refeições.
A água consumida era armazenada em tambores reaproveitados e contaminados por impurezas. Sem instalações sanitárias, os trabalhadores faziam suas necessidades no mato e tomavam banho com baldes e canecas. Nas frentes de corte de pedras, utilizavam ferramentas rudimentares e explosivos artesanais — feitos com pólvora, salitre e carvão —, ligados a baterias de automóvel, o que representava risco de mutilação e morte. Nenhum possuía equipamentos de proteção individual ou exames médicos.
O grupo também fiscalizou uma obra pública de pavimentação que utilizava pedras vindas das pedreiras. Três trabalhadores foram encontrados alojados em uma casa precária, sem banheiro, água encanada ou local adequado para refeições. Todos estavam sem registro em carteira. As investigações apontam que parte significativa da produção abastecia obras contratadas por prefeituras pernambucanas.