Por:

CNH pesa mais no bolso do Nordeste

A população do Norte e Nordeste precisa trabalhar até 8 meses e meio para custear a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), segundo levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). O cálculo considera que a família destine 30% da renda mensal para o processo, critério usado pela Febraban em estudos sobre endividamento. Em estados como Acre e Bahia, o tempo chega a 8 meses, enquanto no Maranhão e Amazonas gira em torno de 7 meses.

A desigualdade regional é evidente: enquanto nordestinos precisam comprometer boa parte da renda para ter acesso ao documento, em regiões mais ricas, como Sudeste e Centro-Oeste, o gasto pesa menos no orçamento.

Em São Paulo e no Distrito Federal, por exemplo, o valor da CNH equivale a cerca de meio mês de renda, podendo ser custeado em até dois meses, o que torna o processo mais acessível e menos impactante no orçamento familiar.

A pesquisa, baseada em dados dos Detrans, autoescolas e no indicador de renda domiciliar do IBGE, mostra ainda que a dificuldade financeira é um dos motivos para a evasão no processo e para o número menor de condutores habilitados. Estados como Maranhão, Pará, Piauí e Amazonas têm renda média inferior a R$ 1,5 mil e registram entre 1 mil e 2 mil habilitados por 10 mil habitantes, enquanto o Distrito Federal tem cerca de 5 mil.

Para reduzir desigualdades e ampliar o acesso, o Ministério dos Transportes desenvolve um projeto que prevê redução de até 80% no custo da CNH para as categorias A e B.

A proposta está em consulta pública na plataforma Participa Brasil até 2 de novembro e busca facilitar a habilitação, ampliando oportunidades e fortalecendo a mobilidade em regiões com menor renda.