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Governo do RN decreta emergência por seca

Com a redução acentuada das chuvas em 2025, que afetou a recarga dos reservatórios e a produção agrícola, o Governo do Rio Grande do Norte decretou situação de seca em 147 municípios. O Decreto nº 34.946, assinado pela governadora Fátima Bezerra e foi publicado na quinta-feira (2) no Diário Oficial.

Relatórios da ANA, Caern, SAPE e Emparn embasam a decisão. Dados indicam que as chuvas entre janeiro e junho ficaram 16,1% abaixo do esperado, com maiores déficits nas regiões Central (-24,5%) e Agreste (-20,4%). Dos municípios afetados, 71 estão em "seca grave", entre eles Caicó, Currais Novos e Pau dos Ferros; 36 em "seca moderada" e 40 em "seca fraca". Seridó e Alto Oeste são as áreas mais impactadas.

Segundo a Caern, dez cidades enfrentam colapso ou pré-colapso no abastecimento, atingindo 108 mil pessoas — Serra do Mel está em colapso há quatro anos por contaminação dos poços. Os reservatórios acumulam 2,28 bilhões de m³ (44,2% da capacidade), ante 3,14 bilhões em 2024.

A estiagem reduziu a produção agrícola, sobretudo de milho, feijão e algodão, com perdas de 90% na área de algodão agroecológico. Para mitigar os efeitos, o governo planeja perfurar 500 poços até abril de 2026, construir 2.500 cisternas (396 concluídas) e instalar dessalinizadores.

Projetos de feno subsidiado e distribuição de palma forrageira visam garantir alimentação dos rebanhos em futuras secas.

Atualmente, 76 municípios recebem água por meio da Operação Carro-Pipa, executada pelo Exército, com 210 caminhões atendendo a zona rural.

Entre as obras estruturantes, destaca-se a barragem Oiticica, inaugurada em março após 12 anos de obras, que começou a receber água da transposição em agosto. Investimentos em adutoras também estão em andamento, como a do Seridó, que beneficiará 300 mil pessoas, e a do Agreste, que atenderá 38 cidades.

Com investimento de R$ 82 milhões, a adutora Apodi-Mossoró já opera em fase experimental e garantirá o abastecimento de Mossoró, mesmo em períodos críticos. "Nosso objetivo é evoluir de uma gestão de crise para uma gestão baseada no planejamento", afirmou o secretário de Recursos Hídricos, Paulo Varella Neto.