O número de pessoas vivendo em situação de rua no Brasil aumentou cerca de 25% em um ano, passando de 261.263 em dezembro de 2023 para 327.794 no final do mesmo ano. Os dados fazem parte de um levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A nova estimativa representa um crescimento de aproximadamente 66 mil pessoas em situação de vulnerabilidade extrema. O total atual é 14 vezes maior do que o registrado em 2013, quando havia 22.922 pessoas vivendo nas ruas em todo o território nacional.
A concentração mais significativa dessa população está na Região Sudeste, onde vivem 204.714 pessoas em situação de rua, o que equivale a 63% do total nacional. Os dados foram extraídos do Cadastro Único, base utilizada pelo governo federal para identificar e organizar informações sobre beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada.
Além da contagem total, o levantamento também traça um perfil da população em situação de rua. Segundo o estudo, sete em cada dez pessoas nessa condição não concluíram o ensino fundamental, e 11% são analfabetas. O baixo nível de escolaridade impacta diretamente na possibilidade de inserção dessas pessoas no mercado de trabalho e no acesso a políticas públicas.
Flávio Lino, secretário executivo do Movimento Nacional da População de Rua no Rio de Janeiro e coordenador da pauta sobre o tema no G20, apontou falhas na formulação e na execução de políticas públicas como uma das razões para o crescimento do número de pessoas vivendo nas ruas.
Entre as soluções possíveis, Lino defende a ampliação de políticas habitacionais específicas, com ou sem acompanhamento psicossocial, como forma de garantir moradia imediata e criar condições mínimas para que as pessoas possam sair das ruas. Segundo ele, não é possível promover a ressocialização de indivíduos enquanto permanecem em situação de rua. O levantamento do Observatório considera o CadÚnico como base, apesar de reconhecer que o número real pode ser ainda maior, uma vez que a inscrição no sistema depende de abordagem direta dos órgãos públicos.