Os escritores Sérgio de Castro Pinto e Marília Arnaud, dois dos principais nomes da literatura paraibana, vão participar a participar até 29 de junho da Feira do Livro de Coimbra, na cidade portuguesa. Eles vão participar de mesas redondas e de debates sobre "desmaterialização do patrimônio intelectual e cultural" e promover diálogos e intercâmbios com outros escritores lusófonos sobre descolonização.
A presença paraibana no evento acontece a partir de uma parceria do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e da Empresa Paraibana de Comunicação, com o Governo de Portugal, que foi intermediada pela Associação Portugal Brasil 200 Anos. Já a definição sobre os dois escritores locais convidados partiu da curadoria do evento.
"A Paraíba tem incentivado a produção literária local e viabilizado oportunidades para que o riquíssimo trabalho produzido pelos nossos escritores seja conhecido no mundo. Por isso, temos apoiado a realização de festivais literários, a exemplo do FliParaíba, resultado de uma parceria com a Associação Portugal Brasil. Esperamos que a participação da EPC e de escritores paraibanos na Feira do Livro de Coimbra colha bons frutos e estreite os nossos laços culturais e históricos", declarou o governador João Azevêdo.
Um dos convidados para comparecer ao evento, o poeta Sérgio de Castro Pinto destaca que vai falar de descolonização a partir do cordel, um gênero literário nascido na Paraíba e que, embora se inicie com referenciais da literatura europeia, é ressignificada pelos escritores locais a ponto de fazer frente a um modelo eurocentrista que vigorava à época.
O poeta exemplifica que nomes como João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar, em algum momento de suas carreiras literárias, se utilizaram de características marcadamente da literatura de cordel para vivenciar uma fase mais política de suas poesias. Ele destaca também um poema dele próprio, "Camões e Lampião", para denunciar certo preconceito de uma visão eurocentrista contra a literatura. "Existe uma cultura imperialista que se sente superior e que tenta renegar as periferias. Esse meu poema foi muito criticado fora do país por pessoas que acham uma 'incoerência moral' comparar Camões a Lampião. Mas, por um lado, Camões", provoca.